Publicado 09/12/2025 23:54

A polícia do Congresso brasileiro retira à força um deputado da mesa do presidente da Câmara

Arquivo - Glauber Braga, deputado brasileiro do Partido Socialismo e Liberdade
GLAUBER BRAGA EN FACEBOOK

MADRID 10 dez. (EUROPA PRESS) -

A polícia da Câmara dos Deputados do Brasil retirou à força o deputado Glauber Braga, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), da cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta, depois que o primeiro se recusou a deixar o local após o agendamento do processo que revogaria, entre outros, seu mandato. O motivo é um incidente ocorrido em 2024, no qual ele empurrou e chutou um ativista de direita que o perseguia na cadeira parlamentar.

"Vou permanecer aqui serenamente, com total tranquilidade, exercendo o meu legítimo direito político de não aceitar como fato consumado a anistia a um grupo de golpistas, [...] preservando os direitos políticos de Eduardo Bolsonaro e gerando, para mim, que tive aquele confronto, oito anos de cassação de mandato", disse, aludindo também a um projeto de lei que será votado neste mesmo dia e que reduziria as penas para os condenados por tentativa de golpe de Estado, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Após o início do protesto de Braga, a sessão e sua transmissão foram suspensas, enquanto os jornalistas presentes foram obrigados a deixar o plenário, conforme relatado pelo jornal 'Folha', e as únicas imagens das forças de segurança removendo o deputado de esquerda que viram a luz do dia foram gravadas e transmitidas por outros deputados.

Em sua saída, o deputado afastado denunciou à imprensa a existência de "uma ofensiva em que o único mandato realmente afetado" é o seu, já que os outros dois deputados implicados no processo, Alexandre Ramagem e Carla Zambelli - ambos do Partido Liberal (direita) - não participarão das sessões por estarem fora do país: ele, foragido nos Estados Unidos; ela, detida na Itália.

Braga também criticou as ações da polícia, comparando seu próprio despejo com o tumulto de agosto passado, quando um grupo de deputados de direita bloqueou a Câmara por 30 horas em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Naquela ocasião, "houve negociação, houve diálogo", disse ele, enfatizando que "em nenhum momento foi cogitada a possibilidade de a polícia retirar os deputados à força".

A situação também foi agravada pela denúncia de agressão por parte dos agentes feita pelo deputado Dorinaldo Malafaia, que declarou que os policiais o feriram no braço enquanto ele negociava a saída da Câmara de Braga.

Nesse sentido, Malafaia acusou Motta de ordenar, como presidente da Câmara, supostas agressões que também teriam ferido Rogério Correia (do Partido dos Trabalhadores, PT) e Célia Xakriabá (do PSOL). "Sua Excelência perdeu toda a autoridade moral, o prestígio e o respeito público", disse.

Nessa situação, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Barias, admitiu que a ação de Braga "não é o melhor método", mas disse que Motta "tem uma grande responsabilidade por não punir os golpistas", referindo-se aos deputados que se amotinaram em agosto.

Por sua vez, o presidente da Câmara abordou o assunto na rede social X, onde disse que Braga havia desrespeitado todo o poder legislativo. Ele também defendeu seu dever de "proteger a democracia de gritos, de gestos autoritários, de intimidações disfarçadas de atos políticos". "O extremismo coloca a democracia à prova todos os dias. E todo dia é preciso defendê-la", acrescentou.

Motta aproveitou a publicação nas redes sociais para anunciar que ordenou "uma investigação sobre possíveis excessos em relação à cobertura da mídia", após a expulsão da mídia do plenário e o fim da transmissão do plenário.

Precisamente, essa decisão foi rejeitada pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) em uma declaração conjunta, na qual condenaram o que descreveram como "práticas de intimidação" e lembraram que a Constituição brasileira "proíbe explicitamente a censura".

Em abril, o Comitê de Ética da Câmara recomendou a revogação do mandato de Braga como deputado por sua agressão a um membro do Movimento Brasil Livre (MBL), um grupo ativista de direita, que o estava perseguindo na própria sede parlamentar. No mesmo dia, Braga iniciou uma greve de fome que só terminou depois que Motta - que na terça-feira a chamou de desrespeitosa - prometeu não agendar a votação correspondente no plenário durante o primeiro semestre do ano.

O deputado alegou que, no caso da agressão, ficou chateado depois que o ativista do MBL insultou sua mãe, que estava em estágio avançado de Alzheimer e morreu dias depois. Ele também alegou ser vítima de uma perseguição política patrocinada secretamente pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (do partido Progressistas, de direita). No entanto, o Comitê de Ética considerou que ele violou o decoro parlamentar e recomendou sua cassação.

O ato de protesto atrasou por algumas horas a votação de um projeto de lei que reduziria as penas do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a mais de 27 anos de prisão por liderar uma tentativa de golpe contra o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, bem como de seus aliados condenados no mesmo processo. O texto modifica partes da Lei de Execução Penal e do Código Penal, o que, no caso do ex-líder de ultradireita, reduziria de quase sete anos para pouco mais de dois anos a pena que ele cumpriria em regime fechado.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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