MADRID 22 nov. (EUROPA PRESS) -
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu na sexta-feira que os representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no país se reúnam com ele "urgentemente" para explicar a concessão de supostos empréstimos para fins eleitorais por algumas das instituições financeiras da organização, no contexto de uma crescente crise diplomática com os Estados Unidos.
"Temos que ir com todo o establishment financeiro, e o delegado colombiano no conselho do banco, não sei como se chama, o conselho de governadores do BID, deve vir e nos explicar por que eles querem violar a constituição", disse o presidente em uma aparição pública na cidade de Cali, no sudoeste do país.
O presidente colombiano apontou o dedo diretamente para a Casa Branca por supostamente usar esse tipo de artifício para interferir na política interna da Colômbia. "Veja como (o secretário de Estado dos EUA) Marco Rubio quer influenciar nossas eleições, não basta eles me tratarem como um traficante de drogas", disse ele.
Insinuando que o objetivo de Washington é "comprar os votos dos pobres na Colômbia", Petro chamou esse tipo de comportamento de "golpe de Estado" e lembrou que "a constituição (colombiana) proíbe que dinheiro estrangeiro - de governos, empresas ou indivíduos - entre nas eleições para definir o que realmente deve ser definido pelo povo da Colômbia".
"Senhores, todos os prefeitos que estavam nessa reunião começaram a oferecer instituições para receber dezenas de milhões de dólares do BID sem a permissão do governo nacional para serem entregues em créditos destinados a comprar tamales, leitões, bicicletas, motocicletas, telhas, tudo o que antes era feito com o dinheiro do narcotráfico", disse, acusando que essa é uma nova forma de cooptação eleitoral disfarçada de financiamento formal.
A denúncia de Petro ocorre no contexto de uma crise bilateral entre a Colômbia e os Estados Unidos, que vem aumentando ao longo do último ano de 2025, atingindo picos de tensão sem precedentes nas últimas semanas, como resultado dos mais de 20 ataques ordenados pelo presidente Donald Trump desde setembro passado contra supostos traficantes de drogas nas águas do Caribe e do Pacífico, que resultaram em mais de 80 mortes, de acordo com a contagem baseada em comunicados oficiais.
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