Esses pigmentos desempenham um papel fundamental na atração de polinizadores.
SEVILLA, 10 jun. (EUROPA PRESS) -
Uma pesquisa internacional liderada pela Universidade Pablo de Olavide e pela Universidade de Sevilha revelou que, além das cores vivas de uma flor, ela contém pigmentos invisíveis ao olho humano que a protegem do sol e desempenham um papel fundamental na comunicação com os polinizadores.
De acordo com um comunicado à imprensa da UPO, Eduardo Narbona, professor do Departamento de Biologia Molecular e Engenharia Bioquímica da Universidade Pablo de Olavide, e José C. del Valle, professor do Departamento de Biologia Vegetal e Ecologia da Universidade de Sevilha, lideraram o estudo, que foi publicado recentemente na revista científica Scientific Reports.
O estudo, realizado por uma equipe multidisciplinar que envolveu instituições da Espanha, dos Estados Unidos e do Brasil, analisou 926 espécies de plantas polinizadas por animais do sul da Espanha, da Califórnia (EUA) e do sudeste do Brasil. O objetivo é entender quais tipos de pigmentos florais são mais comuns e quais funções eles desempenham em diferentes contextos ambientais.
A descoberta mais surpreendente do trabalho é a presença generalizada de fenilpropanóides (UAPs) absorventes de ultravioleta. Esses compostos, invisíveis ao olho humano, mas detectáveis por insetos como as abelhas, estão presentes em todas as flores estudadas. De acordo com os pesquisadores, os UAPs podem ser considerados como uma espécie de "matéria escura" das flores: universais, possivelmente essenciais para sua proteção contra a radiação ultravioleta e também úteis para atrair polinizadores, mas cuja função exata ainda é desconhecida.
Além desses pigmentos invisíveis, o estudo mostra que mais da metade das espécies examinadas continha antocianinas (responsáveis pelas cores vermelha, rosa e azul), um terço carotenoides (amarelos e laranjas) e algumas até clorofilas (verdes), embora muitas flores combinem vários pigmentos.
DIVERSIDADE AMBIENTAL, RESPOSTAS SEMELHANTES
A colaboração internacional dos cientistas que realizaram a pesquisa possibilitou a comparação de flores geograficamente distantes usando a mesma metodologia, revelando padrões comuns na frequência dos pigmentos florais.
Um dos aspectos mais relevantes do estudo é que, apesar das diferenças entre as condições ambientais e os polinizadores - insetos na Espanha e insetos e beija-flores na Califórnia e no Brasil - nas três regiões estudadas, a composição dos pigmentos florais foi surpreendentemente semelhante entre elas. Isso sugere que esses pigmentos foram evolutivamente conservados por seu valor multifuncional.
Por fim, os resultados desse trabalho oferecem uma nova perspectiva sobre a função dos pigmentos na ecologia e na evolução das flores. "Esse estudo nos ajuda a entender melhor como as flores equilibram a necessidade de atrair polinizadores com a necessidade de se protegerem contra condições ambientais estressantes", explicou o professor Eduardo Narbona, que afirmou que, "além de seu apelo estético, as flores se revelam órgãos altamente sofisticados, cuja beleza visível é apenas a ponta do iceberg de uma rede complexa de adaptações evolutivas invisíveis".
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