Capriles ignora o anúncio da formação política e defende sua decisão de concorrer às eleições legislativas.
MADRID, 15 abr. (EUROPA PRESS) -
O partido oposicionista venezuelano Primero Justicia (PJ) anunciou nesta segunda-feira a expulsão do líder político Henrique Capriles, que foi candidato presidencial em 2012 e 2013, e de outros cinco membros, a quem acusou de "trair a unidade e o mandato popular", depois que eles anunciaram sua intenção de participar das eleições legislativas e regionais que serão realizadas em 25 de maio.
A formação política informou, por meio de uma declaração em seu perfil na rede social X, que os expulsos, além de Capriles, são o ex-secretário geral do partido Tomás Guanipa; a fundadora da formação Amelia Belisario; o coordenador político nacional Ángel Medina; o ex-governador de Zulia Pablo Pérez; e um dos líderes da oposição durante os protestos venezuelanos de 2014 Juan Requesens.
A PJ considerou que "é particularmente ultrajante e escandaloso que figuras como" Capriles e Guanipa tenham realizado "negociações com o regime" de Nicolás Maduro e "tenham sido seletivamente habilitados, apesar de terem sido desqualificados até poucas horas atrás, e tenham recebido um cartão eleitoral, enquanto os partidos legítimos do país continuam a ser processados e sequestrados pelo governo".
"Tudo isso acontece enquanto há presos políticos, companheiros de partido perseguidos, torturados, escondidos ou exilados por pensarem diferente", denunciou, ao mesmo tempo em que explicou que a decisão de expulsá-los responde à "participação ativa deles em um evento organizado fora da unidade democrática, em aberta contradição com o que foi aprovado pelo Comitê Político Nacional" e ratificado pelo Conselho Diretor Nacional.
De acordo com o partido político, "com suas ações, eles decidiram se desviar da rota definida pela Plataforma de Unidade Democrática do presidente eleito, Edmundo González Urrutia, e pela liderança de María Corina Machado". "Esse não é um incidente isolado. Desde as primárias, (...) eles têm adotado uma posição progressivamente distanciada do mandato expresso por milhões de venezuelanos", afirmou.
CAPRILES IGNORA A DECISÃO
Capriles, que renunciou em setembro de 2024 à liderança do partido em meio a críticas ao fundador Julio Borges, disse que desconhece "qualquer tipo de anúncio vindo" do partido - que ele considera estar "sequestrado" por Borges - que "busca agradar uma agenda que até agora só mostrou inação".
"Não há autoridade para exercer expulsões por participação eleitoral, nem regulamentos que sejam respeitados, muito menos o espaço que deveria ter existido para debater, como partido, a visão sobre a participação eleitoral nos momentos mais complexos que o país enfrenta", disse ele, ao mesmo tempo em que enfatizou que "o respeito pelas ideias dos outros é a base fundamental para o diálogo construtivo".
Da mesma forma, ele enfatizou que "o voto é uma ferramenta de luta" e que ele não "deixará de exercê-lo para alcançar mudanças", argumentando que as eleições presidenciais realizadas em 28 de julho de 2024 "representam o evento político mais importante dos últimos anos, precisamente por causa do voto, o mesmo" que ele jurou defender e que "simboliza" sua esperança de "alcançar um país melhor para os venezuelanos".
"Acreditamos firmemente que nosso dever é acompanhar os venezuelanos na busca por mudanças e que isso significa persistir em nosso direito de votar. É por isso que não aceitamos que uma liderança que responde ao Sr. Julio Borges, sem a legitimidade concedida pelas bases do partido, tente nos privar de nossa vocação para a luta democrática, essa luta pelo voto e pela mudança na Venezuela", disse ele.
No entanto, ele garantiu que "aqueles que decidirem se abster" têm seu respeito, razão pela qual ele exigiu "respeito" por sua "firme convicção de lutar pelo voto sempre que for possível". "A abstenção e a inércia só beneficiam a tragédia que Nicolás Maduro representa para os venezuelanos. Não é verdade que votar significa desistir da luta de 28 de julho", acrescentou.
GUAIDÓ: CAPRILES NÃO É MAIS UM PONTO DE REFERÊNCIA DEMOCRÁTICO
O oposicionista venezuelano Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em 2019, argumentou que "quem foi duas vezes candidato presidencial da oposição põe um fim definitivo à sua carreira como referência democrática, ao se inscrever em uma lista inconstitucional, dividir o partido que fundou e insistir em participar de um processo fraudulento".
"Esse é um fato lamentável que merece reflexão. A ditadura conseguiu, como em um experimento de condicionamento, subjugar alguém que já foi um símbolo de luta. Reduziu-o a uma peça funcional dentro de um sistema que busca se perpetuar", declarou, após afirmar que "enfrentar uma ditadura é um caminho longo, complexo e muitas vezes doloroso".
Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático