Publicado 12/04/2025 07:54

Os diplomatas pedem mais recursos para um serviço externo que é "barato" para o peso que a Espanha deseja ter.

(E-D) O ministro de Relações Exteriores, União Europeia e Cooperação, José Manuel Albares; o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, e o ministro da Agricultura, Pesca e Alimentação, Luis Planas, durante uma reunião de negócios, em 11 de abril
Pool Moncloa/Fernando Calvo

A ADE compara os cerca de 1.000 diplomatas da Espanha com os de países menores e adverte que isso prejudica sua imagem.

MADRID, 12 abr. (EUROPA PRESS) -

A Espanha conta atualmente com quase 130 embaixadas e representações permanentes perante organizações internacionais, além de quase 90 consulados para defender seus interesses e prestar assistência aos espanhóis em todo o mundo. O Ministério das Relações Exteriores, no âmbito da nova Estratégia de Ação Externa que está elaborando, prepara-se para revisar essa distribuição com o objetivo de adaptá-la às novas necessidades.

A Associação de Diplomatas Espanhóis (ADE), a maioria dos diplomatas espanhóis, está pedindo mais recursos humanos, pois acredita que o número atual de cerca de 1.000 diplomatas não corresponde ao nível da Espanha no cenário internacional.

"Somos extraordinariamente baratos para a Espanha e para o povo espanhol", disse o presidente da ADE, Alberto Virella, à Europa Press, ressaltando que esse total inclui aqueles que estão fora da Espanha e no Ministério, bem como aqueles que estão de licença e trabalham em empresas privadas ou no Serviço Europeu de Ação Externa, entre outros.

Virella baseia esse argumento no fato de que a Espanha tem 49 milhões de habitantes e atualmente há três milhões de espanhóis vivendo no exterior, para os quais é necessário prestar uma série de serviços. Ele contrasta isso com outros países europeus que, em comparação com sua população, têm um número maior de diplomatas.

Por exemplo, a Polônia, com 37,6 milhões de habitantes, tem 1.700 diplomatas, 96 embaixadas e 125 consulados; a Dinamarca, com 6 milhões de habitantes, tem 1.300 diplomatas; e Portugal, com 10,6 milhões de habitantes, tem 490, explica.

No caso do país vizinho, Virella destaca que o atual secretário-geral da ONU é português, António Guterres, assim como o presidente do Conselho Europeu, António Costa. Ele enfatiza que isso não é alcançado por meio dos contatos mantidos no mais alto nível pelo presidente do governo ou pelo ministro, mas também é importante que os diplomatas em diferentes níveis transmitam as mensagens.

ISSO AFETA A IMAGEM DA ESPANHA

Portanto, o destacamento e o número de funcionários "prejudicam a imagem e as relações internacionais da Espanha". Entretanto, ele lamenta, "não há como os sucessivos governos modernizarem e atualizarem o Serviço de Relações Exteriores". Em sua opinião, mais recursos devem ser disponibilizados, o que exige maior vontade política e orçamentos adequados.

Atualmente, há 117 embaixadas, 10 representações permanentes e 11 antenas diplomáticas, uma fórmula que envolve o envio de um diplomata para os países onde se deseja uma presença, mas onde não é possível abrir uma embaixada. Além disso, há 86 consulados gerais e dois consulados.

O ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, anunciou em fevereiro passado, em um café da manhã da Europa Press, que realizaria "uma análise exaustiva do posicionamento diplomático da Espanha no exterior, de cima a baixo, para garantir que ele esteja de acordo com o peso da Espanha no mundo e com o lugar da Espanha no mundo".

O presidente da ADE acolhe com satisfação essa revisão, mas adverte que, tradicionalmente, o Tesouro só permite a expansão da equipe ou dos recursos, como a abertura de novos escritórios no exterior, se não houver novas despesas. Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores não esclareceu à Europa Press se os planos incluem o fechamento ou a abertura de novas representações.

NENHUM RELATÓRIO SOBRE O DESLOCAMENTO DIPLOMÁTICO

O Ministério das Relações Exteriores também aponta que um bom ponto de partida para essa revisão deveria ser um relatório previsto no artigo 39 da Lei de Ação Externa de 2014 sobre o Conselho Executivo de Política Externa.

Isso estipula que "a cada dois anos, ou a qualquer momento, quando causas supervenientes ou mudanças no contexto externo o justifiquem", esse conselho "elaborará um relatório" com o objetivo de "aconselhar o Presidente do Governo sobre a adequação da distribuição e estrutura das missões diplomáticas, representações permanentes e postos consulares, a fim de proporcionar a máxima eficácia ao Serviço de Relações Exteriores (...) e a máxima eficiência na alocação e uso dos recursos públicos".

No entanto, a ADE suspeita que até o momento nenhum desses relatórios tenha sido produzido, pois eles foram solicitados por meio do Portal da Transparência e não foram fornecidos. De acordo com Virella, eles não receberam uma resposta para três deles, e a administração pediu mais um mês para responder. "Se tivessem, já os teriam fornecido", diz ele.

Outro dos principais problemas sobre os quais a ADE vem alertando e que o Ombudsman também denunciou é a falta de pessoal na rede consular para atender às necessidades dos espanhóis no exterior.

O crescimento constante do número de espanhóis no exterior nos últimos anos, motivado primeiro pela Lei da Memória Histórica e agora pela Lei da Memória Democrática, que permitiu que os descendentes de espanhóis solicitassem a nacionalidade, não foi acompanhado por um aumento paralelo no número de funcionários.

CONSULADOS SOBRECARREGADOS

Como resultado, os consulados em países com maior presença de espanhóis, principalmente na América Latina, ficaram sobrecarregados com o número de solicitações de nacionalidade a serem processadas, com consequentes atrasos no processamento e reclamações, algumas das quais chegaram ao Ombudsman.

Além dessa carga adicional, os consulados tiveram que continuar a desempenhar suas outras funções, como registrar nascimentos, óbitos e casamentos e emitir vários tipos de certificados, bem como vistos para cidadãos de outros países que desejam viajar para a Espanha.

O Ministério das Relações Exteriores lembrou à Europa Press que, nos últimos anos, foram abertos novos consulados no Reino Unido (Manchester, 2021) e na China (Chengdu, 2020), e também há planos de abrir novos consulados em Cuba e na Índia.

Da mesma forma, em fevereiro de 2023, o quadro de pessoal dos consulados foi reforçado com 150 postos de trabalho, tendo em vista a sobrecarga em relação à Lei da Memória Democrática, e foram criados três postos de vice-cônsul para diplomatas nos consulados de Havana, Buenos Aires e México, entre os mais afetados pela avalanche de pedidos de nacionalidade.

Eles também destacam o Plano de Digitalização Consular, que tem um orçamento de 115 milhões de euros e que o ministro garantiu que chegará a todos os consulados antes do final do ano. Esse plano, de acordo com uma circular enviada pelo Ministério à qual a Europa Press teve acesso, prevê, entre outras coisas, um novo balcão unificado de processamento e gerenciamento para os funcionários, o que reduzirá os tempos de processamento.

Ao mesmo tempo, o novo Registro Civil Digital (DIGIREG), desenvolvido pelo Ministério da Presidência, Justiça e Relações com os Tribunais, está sendo implementado em todos os consulados, o que acabará com o registro em papel que existia até agora e que também deve chegar a todos os consulados este ano.

O presidente da ADE considera a digitalização um passo importante e necessário, mas adverte que, dada a saturação existente em muitos consulados, isso significará "acrescentar mais um passo", já que, por exemplo, os arquivos de nacionalidade terão de ser inseridos no sistema digital. Além disso, os funcionários precisam passar por cursos de treinamento, o que aumenta o gargalo. "Introduzir a digitalização em um sistema sobrecarregado e não aumentar o número de funcionários tornará o processamento mais lento", adverte.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

Contador