Publicado 25/12/2025 07:49

O novo porta-voz nacional da AJFV lamenta que o APM e o JJpD "monopolizem" as nomeações para a liderança judicial.

Marien Ortega, nova porta-voz nacional da Associação Judicial Francisco de Vitoria (AJFV)
A. PEREZ MECA

Ele pede que a Justiça solicite mais vagas para juízes porque "o público não tem o número de juízes de que precisa".

MADRID, 25 dez. (EUROPA PRESS) -

Marien Ortega, a nova porta-voz nacional da Associação Judicial Francisco de Vitoria (AJFV), lamentou que a Associação Profissional da Magistratura (APM) e os Juízes e Juízas para a Democracia (JJpD) "praticamente monopolizem todas as nomeações" no topo do judiciário.

Foi o que Ortega disse em entrevista à Europa Press, por ocasião de sua recente nomeação como porta-voz nacional da AJFV, a segunda maior associação judicial por número de membros, na 39ª Assembleia realizada em A Coruña em 14 de novembro.

O magistrado, titular do 13º Tribunal Contencioso-Administrativo de Sevilha, destacou que "é muito significativo" que sejam as duas associações mencionadas que, segundo Ortega, cobrem as nomeações "quando juntas não chegam a 35% da carreira judicial".

Esse fato, disse o magistrado, revela "que outros aspectos são levados em conta" quando as nomeações são acordadas, em detrimento "do que deveria ser: os princípios de mérito e capacidade".

Comovida com essa crítica, a AJFV decidiu, após a 39ª Assembleia, que não apoiaria nenhum candidato a membro do Conselho Geral da Magistratura (CGPJ) até que fosse a própria carreira judicial a eleger os 12 membros judiciais.

A associação tomou essa decisão porque, nas palavras de Ortega, percebeu "que o sistema não muda, continua a responder às mesmas cotas partidárias", nas quais "duas associações continuam a ter precedência".

Por esse motivo, o magistrado considerou que "é fundamental" mudar o modelo de nomeações para a CGPJ, já que se trata de um órgão que "deve eliminar qualquer suspeita de influência ou ação partidária", algo que "agora não ocorre".

"Há uma identificação com o que eles mesmos chamam de blocos conservadores e progressistas. Acho que isso gera um enorme prejuízo para a própria instituição, porque causa falta de credibilidade", criticou Ortega.

De fato, a associação denunciou no verão um relatório segundo o qual as nomeações discricionárias da CGPJ "não refletem a realidade" da carreira judicial e que há uma super-representação de associados da APM e da JJpD.

Em um comunicado, a AJFV advertiu que essas duas associações obtiveram 75% dos cargos públicos em que havia mais de um candidato, quando "juntas não chegam nem a 35% de representação da carreira judicial".

A AJFV DISSE QUE ERA NECESSÁRIA MAIS "COMUNICAÇÃO" PARA OS TRIBUNAIS INFERIORES.

Com relação à implementação dos novos tribunais de primeira instância, que devem entrar em operação a partir de 31 de dezembro, Ortega disse que essa é a "modernização da justiça". Uma modernização "necessária", mas que foi realizada "sem ouvir aqueles que estão lá dentro, aqueles que apoiam a justiça todos os dias".

Nesse sentido, ele considerou positivas as "muitas reuniões" que o Ministério da Presidência, Justiça e Relações com os Tribunais teve com o corpo de advogados da Administração da Justiça, mas "faltou" essa mesma "comunicação" com a carreira judicial.

E mostrou-se favorável à moratória na instalação dos novos tribunais que a Justiça ofereceu aos distritos judiciais que a solicitaram "para detectar que problemas pode ter havido nessa implementação e que soluções podemos dar a esses problemas antes de implementá-los nas grandes capitais".

Essa "revisão prévia de como o processo está funcionando" é "essencial" para o magistrado-chefe de um tribunal de Sevilha porque, se ela não existir, "o caos pode ser absoluto".

A CONVOCAÇÃO PARA OS CARGOS DE JUÍZES NÃO COBRE A TAXA DE SUBSTITUIÇÃO

Outra das exigências da AJFV é o aumento do número de vagas para a carreira judicial, já que, nas palavras de Ortega, com as que são abertas a cada ano "não se cobre sequer a taxa de substituição".

E com isso ele se referiu ao fato de que não será possível cobrir "as vagas que estão ocorrendo devido à aposentadoria, invalidez e morte".

Nesse sentido, ele ressalta que os cidadãos espanhóis "não têm os juízes que deveriam": "Na Espanha, temos uma média de 11,6 juízes por 100.000 habitantes, quando a média na Europa é de 17 juízes por 100.000 habitantes".

Esse fato, somado ao aumento da litigiosidade que a CGPJ vem alertando em seus relatórios trimestrais, significará que "menos juízes farão o mesmo trabalho", algo que, segundo o juiz, "afeta o cidadão".

"Se você tem um juiz cansado porque está sobrecarregado pela carga de trabalho, esse juiz não resolve o caso da mesma forma e os cidadãos não têm a resposta que deveriam ter, e esse é um problema que temos como sociedade", explicou.

Nessa linha, ela observou um aumento no número de licenças médicas tiradas por seus colegas, bem como "um aumento nas aposentadorias antecipadas voluntárias", que ela avalia em cerca de 42% de todas as aposentadorias. Para a juíza, isso "está intimamente relacionado à sobrecarga de trabalho" e que "não há perspectiva de melhora na situação".

CRITICA A SUSPEIÇÃO DO TS APÓS A SENTENÇA DE GARCÍA ORTIZ

Por outro lado, a porta-voz da AJFV disse que a sentença imposta pela Suprema Corte ao ex-procurador-geral do Estado por divulgação de segredos contra a companheira do presidente de Madri, Isabel Díaz Ayuso, "é bem fundamentada e motivada".

É por isso que "devemos evitar" insinuações de uma suposta motivação política por trás da decisão, embora "deva haver críticas a todas as decisões".

"Não podemos levar isso para o campo da suspeita, nem deixar escapar a ideia de que está sendo resolvido por afinidades ou ideologias. Tudo isso deve ser deixado de lado, porque já existem maneiras de discordar legalmente de uma resolução", reiterou Ortega.

Com relação aos votos privados das juízas Ana Ferrer e Susana Polo, que pediram a absolvição de García Ortiz, o juiz considerou que "o problema é quando se insinua uma história de interesse próprio, porque o fato de haver votos privados dentro de um órgão colegiado faz parte do funcionamento normal dos tribunais".

Ortega acrescentou que "está claro" que essa situação "causou sérios danos em termos de credibilidade do Ministério Público" e afirmou que "o desafio mais importante" enfrentado pela nova chefe do Ministério Público, Teresa Peramato, "é recuperar essa credibilidade na instituição".

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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