Noboa almeja a reeleição para resolver os problemas de seu breve mandato, enquanto González tentará devolver o "correísmo" ao poder.
MADRID, 12 abr. (EUROPA PRESS) -
O presidente do Equador, Daniel Noboa, e o candidato do "correísmo", Luis González, disputam neste domingo a presidência do país em um segundo turno eleitoral em que ambos estão em empate técnico, com pesquisas a favor de cada candidato e em um contexto de instabilidade política e social, e também na esfera econômica devido às tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Noboa e González chegaram ao segundo turno das eleições com 44% dos votos, separados por pouco mais de 16.000 votos a favor do atual presidente. As pesquisas agora estão divididas entre os dois candidatos, com as pesquisas mais favoráveis mostrando uma diferença de apenas dois por cento dos votos para cada um.
Nos mais de dois meses entre o primeiro e o segundo turnos das eleições, os candidatos se envolveram em uma intensa campanha eleitoral, com questões de segurança, justiça social e econômicas em pauta, ainda mais após o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 10% sobre os produtos equatorianos.
NOBOA: SOLUÇÕES PARA AS CRISES EM SEU MANDATO
Durante seus curtos 17 meses no cargo, Noboa teve que lidar com uma crescente crise de segurança, que culminou com um ataque de um grupo de homens encapuzados a uma estação de televisão durante uma transmissão ao vivo em janeiro de 2024. Além disso, a fuga do traficante de drogas "Fito" disparou o alarme e o governo decretou estado de emergência devido ao "conflito armado interno" do país.
Assim, o programa eleitoral de Noboa gira em torno de quatro eixos principais que foram um problema durante seu primeiro mandato e deram asas à oposição. Um deles são as políticas sociais, uma questão em que o presidente se comprometeu a "melhorar a qualidade dos benefícios", além de garantir o acesso de toda a população aos principais serviços básicos do Estado.
Em questões econômicas, o presidente buscará promover o "desenvolvimento econômico sustentável", fortalecendo a inovação tecnológica nos principais setores produtivos e facilitando o investimento estrangeiro. Na frente institucional, o presidente propõe promover a transparência em sua administração e fortalecer a participação dos cidadãos.
A situação energética é um dos principais desafios que Noboa teve de enfrentar e, durante todo o seu mandato, ele foi forçado a programar apagões noturnos devido à falta de fornecimento. Para evitar que isso ocorra novamente, ele propõe a criação de uma infraestrutura nacional que "promova o desenvolvimento equitativo e reduza a vulnerabilidade a riscos".
Noboa escolheu María José Pinto como candidata a vice-presidente, com quem tentará virar a página das divergências com sua "número dois" nas eleições anteriores, Verónica Abad. Quase desde o início do mandato, as duas demonstraram fortes tensões que levaram à saída de Abad da vice-presidência e a uma queixa de "violência política" contra ela.
GONZÁLEZ, O SUCESSOR DE RAFAEL CORREA
Por outro lado, González está concorrendo como candidato da Revolución Ciudadana (RC) com Diego Borja e com o objetivo de certificar o retorno do "correísmo" à Presidência do Equador após o breve mandato de Noboa, os anos de Guillermo Lasso no poder e o último período de Lenín Moreno, que foi designado como sucessor de Rafael Correa.
Com base em sua experiência como legisladora e funcionária pública durante a década de Correa no poder, González está tentando se tornar a primeira mulher a se tornar presidente do Equador, com exceção de Rosalía Arteaga, que atuou como presidente interina por apenas cinco dias em fevereiro de 1997.
Seu programa eleitoral também se baseia em quatro pilares, com a economia também como ponta de lança para se diferenciar de Noboa. A candidata progressista defende um Estado mais forte e uma maior intervenção na economia, com a qual buscará reduzir o endividamento público por meio da renegociação da dívida, além de reforçar a produção nacional por meio do fortalecimento da indústria local.
Ele também buscará reativar o crédito para tornar o investimento social mais acessível e também se comprometeu a implementar uma renda básica universal. Assim como Noboa, ele prometeu combater a crise de segurança que assola o país com políticas de prevenção da violência acompanhadas de uma reforma da Polícia Nacional com uma abordagem baseada no respeito aos direitos humanos.
González também definiu a luta contra a corrupção como uma de suas principais áreas de trabalho e, para isso, prometeu promover unidades especializadas para combater crimes como lavagem de dinheiro, crimes cibernéticos e tráfico de pessoas. Em relação à administração, a candidata "correísta" buscará implementar políticas de transparência para acabar com a corrupção em nível institucional.
APOIO EXTERNO
No primeiro turno das eleições, outros dez candidatos participaram, entre eles Leónidas Iza, candidato do movimento indígena, que obteve cerca de 538.000 votos, e Andrea González, candidata do partido populista Sociedade Patriótica, que conseguiu convencer mais de 275.000 eleitores.
Após essa votação, e depois de várias semanas de negociações, o partido Pachakutik, o braço político da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), anunciou seu apoio à candidatura de González, em um movimento vital para as aspirações do candidato "correista", que se comprometeu a atender às principais demandas dos povos indígenas.
Essa medida marca um evento histórico nas relações entre o correísmo e o movimento indígena, que nos estágios finais do mandato de Correa estavam em desacordo. De fato, naqueles anos, os povos indígenas realizaram grandes mobilizações contra projetos de petróleo e mineração defendidos pelo presidente, mas que afetavam suas terras.
Por outro lado, Andrea González ainda não declarou explicitamente seu apoio a um ou outro candidato, embora tenha afirmado que votará em quem lhe garantir "mais liberdade" e que, em sua opinião, essa não é a fórmula do "socialismo do século XXI", em referência a González. No entanto, ele também criticou com veemência a administração de Noboa.
A postura da candidata populista reflete a complexidade do segundo turno das eleições, em que os votos recebidos pelos candidatos que ficaram de fora da cédula serão os que acabarão decidindo quem ocupará o poder no Equador nos próximos quatro anos.
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