Publicado 18/07/2025 15:41

Montoro confrontou o ministro Soria para defender empresas com as quais ele tinha um relacionamento, de acordo com a acusação.

Archivo - Arquivo - O ex-ministro da Fazenda e Função Pública Cristóbal Ricardo Montoro comparece à Comissão de Inquérito sobre a chamada 'Operação Catalunha', no Congresso dos Deputados, em 14 de abril de 2025, em Madri (Espanha). A comissão irá
Ricardo Rubio - Europa Press - Archivo

"O caminho mais direto, como sempre" foi pagar a EE, com contato direto com o ex-ministro da Fazenda.

BARCELONA, 18 jul. (EUROPA PRESS) -

O sumário judicial sobre o suposto envolvimento de Cristóbal Montoro em um complô para aprovar leis que beneficiariam empresas do setor de gás revela o "atrito" entre o ex-ministro das Finanças do PP e o então ministro da Indústria, José Manuel Soria, cuja reforma "prejudicou os interesses de algumas empresas de energia renovável que tinham um relacionamento com Montoro".

O Tribunal de Instrução 2 de Tarragona levantou o sigilo do sumário, ao qual a Europa Press teve acesso, depois de acusar 28 pessoas e seis empresas pelo suposto cometimento de sete crimes: suborno, fraude contra a administração pública, prevaricação, tráfico de influência, negociações proibidas, corrupção em negócios e documentação falsa.

O processo inclui, como uma das origens do processo, uma carta anônima enviada à Promotoria contra a Corrupção e o Crime Organizado em março de 2017. A Equipo Económico (EE) criada por Montoro "funciona como um lobby que empresas importantes são obrigadas a contratar para influenciar decisões governamentais que terão impacto em sua conta de lucros e perdas".

"Algumas empresas são 'sugeridas' para serem contratadas pelo próprio governo. Outras o fazem voluntariamente", acrescenta o denunciante, que alega que o Secretário de Estado da Administração Pública em dezembro de 2011, Antonio Beteta, ex-chefe de gabinete de Montoro, atuou como um elo de ligação com as empresas interessadas.

REGISTROS E E-MAILS

O arquivo do caso contém os registros e buscas realizadas nas empresas envolvidas, bem como os e-mails interceptados, que foram levados ao conhecimento do juiz.

"Usando minha posição como presidente da comissão de energia da AEQT, entrei em contato com parlamentares catalães para defender essa discriminação contra nosso setor em Madri, mas isso levará tempo. O caminho mais direto, como sempre, é pagar a essa equipe econômica (EE) que tem contato direto com o ministro da Fazenda Cristóbal Montoro", frase que se repete ao longo do processo.

E o e-mail acrescenta: "Se precisar de mais detalhes, não hesite em entrar em contato", escreve Rubén Folgado a Karl Hauck - diretores da empresa de gás Messer - de acordo com uma mensagem que aparece em um relatório dos Mossos d'Esquadra após as buscas realizadas na empresa Messer.

A polícia regional também menciona o atrito entre Montoro e o ministro da Indústria, Energia e Turismo, José Manuel Soria, "derivado da vontade de ambos de impor seus critérios na mudança legislativa".

"DANOS ÀS EMPRESAS".

"Aparentemente, o motivo dos desentendimentos entre os ministros se deveu ao fato de que, com a nova reforma apresentada pelo ministro Soria, foram prejudicados os interesses de algumas empresas dedicadas às energias renováveis que tinham tido um relacionamento com o também ministro da Fazenda Cristóbal Ricardo Montoro", explicam os Mossos.

As investigações policiais relatam as tentativas das empresas do setor de que o relatório do Ministério da Indústria sobre uma nova regulamentação "fosse ajustado a critérios específicos e que estes permitissem a aplicação das rubricas ao setor de gás, de acordo com os interesses da AFGIM (que incluía Air Liquide, Abello, Messer, Praxair e Carburos Metálicos)".

De acordo com os Mossos, a AFGIM, "em decorrência dos resultados infrutíferos das múltiplas medidas tomadas até então, decidiu contratar os serviços de consultoria financeira da empresa Equipo Económico para atingir seus objetivos de alterar a rubrica do IAE aplicável ao setor".

FEES

"Sem dúvida, o sucesso obtido pela Equipo Económico em seus esforços para obter o desconto de 85% no Imposto Especial sobre a Eletricidade em favor da Associação de Fabricantes de Gás foi decisivo para esse novo contrato", indicam.

Nesse sentido, os honorários cobrados pela EE, um total de 360.000 euros mais o IVA pago pela Afgim, "depois de uma primeira tentativa sem sucesso de obter uma reforma favorável na regulamentação do imposto sobre a eletricidade, especificamente a obtenção de um benefício fiscal de 85%", contratou a empresa criada por Montoro.

LUCROS ILÍCITOS

A Promotoria Especial contra a Corrupção, por sua vez, em uma carta dirigida ao tribunal, declarou que "a investigação realizada pelos Mossos D'Esquadra está revelando que a empresa Equipo Económico foi utilizada por seus sócios e também por outras pessoas que participariam de forma velada na distribuição dos lucros ilícitos da empresa, entre as quais estaria Cristóbal Montoro".

Esse seria "o instrumento que colocaria em movimento a máquina legislativa do Ministério da Fazenda ou de outros ministérios envolvidos nos fatos, para introduzir em nosso sistema jurídico reformas legislativas que favoreceriam os empresários dispostos a pagar por isso".

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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