Publicado 11/12/2025 13:27

Machado confirma que teve apoio dos EUA para deixar a Venezuela e chegar a Oslo para receber o Prêmio Nobel

11 de dezembro de 2025, Noruega, Oslo: Maria Corina Machado, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, sorri durante uma coletiva de imprensa nas instalações de representação do governo em Oslo. Foto: Stian Lysberg Solum/NTB/dpa
Stian Lysberg Solum/NTB/dpa

Ele enfatiza que "há planos e equipes prontas para assumir o controle desde o primeiro dia" se Maduro deixar o poder.

MADRID, 11 dez. (EUROPA PRESS) -

A líder da oposição venezuelana María Corina Machado, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, confirmou nesta quinta-feira que teve o apoio do governo dos Estados Unidos para deixar a Venezuela e chegar a Oslo para receber o prêmio, ao mesmo tempo em que assegurou que já está sendo trabalhado um plano de transição para a possível saída do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, do poder.

"Não posso dar detalhes, são pessoas que podem ser prejudicadas", disse ela durante uma coletiva de imprensa na capital norueguesa, onde insistiu que "o regime teria feito todo o possível para impedi-la de vir". "Eles não sabiam onde eu estava escondida na Venezuela, então foi difícil para eles me impedirem", disse, sem especificar que tipo de apoio Washington deu para sua viagem.

Ela disse estar "muito grata a todos que tornaram sua viagem possível", antes de insistir que retornaria "em breve" ao país. "Eu sempre me pergunto onde sou mais útil para nossa causa e é por isso que fiquei até recentemente em nosso país. Hoje eu tinha que estar aqui. Não foi fácil, às vezes parecia impossível, e estar aqui é uma prova do que a vontade, a coragem e o amor dos venezuelanos são capazes de alcançar", explicou.

"O retorno à Venezuela será quando acharmos que as condições são adequadas em termos de segurança e não depende da saída ou não do regime", ressaltou em resposta a perguntas da imprensa, momento em que aproveitou para enfatizar que "será o mais rápido possível", já que "o Prêmio Nobel deu uma injeção de energia". "Devemos continuar nos preparando para a transição, aumentando a pressão externa e mantendo e avançando na coordenação externa", disse ele.

No entanto, ele se recusou a comentar sobre o possível ultimato dado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para que Maduro deixe o cargo. "Não estamos envolvidos de forma alguma nas decisões ou operações de segurança nacional de outros países", argumentou, antes de enfatizar que "todo país tem o direito à legítima autodefesa".

"Não sei se o presidente dos Estados Unidos tem um prazo (para a saída de Maduro), estamos indo até o fim", disse o líder da oposição, que argumentou que "as ações de Trump foram decisivas para nos levar até onde estamos agora, onde o regime está mais fraco do que nunca".

"Eles achavam que podiam fazer qualquer coisa, que tinham total impunidade, que podiam torturar, realizar desaparecimentos forçados, agredir sexualmente mulheres jovens e nada aconteceria a eles, o custo era zero", argumentou. "Agora eles estão começando a entender que isso é sério e que o mundo está observando, e estão sendo criados incentivos para interromper o comportamento", disse.

Nesse sentido, Machado enfatizou que "temos de aumentar os custos de estar no poder e diminuir os custos de deixar o poder". "Essa é a única maneira de quebrar o regime, e é para isso que estamos caminhando", disse ela, em resposta a perguntas sobre se ela apoiava as ações militares dos EUA contra supostos traficantes de drogas no Caribe e a ameaça de invasão da Venezuela.

AUTORIDADES TRANSITÓRIAS

Machado também demonstrou seu compromisso com a conquista da "libertação e a construção do país com pilares fortes, pilares éticos, que representem as novas instituições democráticas para os próximos séculos" e adiantou que a oposição tem "trabalhado arduamente, não apenas com os Estados Unidos, mas com outros governos da América Latina e da Europa para explicar em detalhes que estamos preparados para as primeiras cem horas e os próximos cem dias em um país com uma crise multidimensional".

"É um desafio muito importante para o presidente Edmundo González e sua equipe", explicou, enfatizando que "há profissionais muito talentosos, experientes e honestos, dentro e fora da Venezuela". "Eles estão trabalhando juntos e temos planos e equipes prontas para assumir o comando desde o primeiro dia", disse ele.

Nesse sentido, ele indicou que "a resposta correta" para a pergunta sobre quais instituições venezuelanas precisam de reforma "seria todas elas". "As instituições venezuelanas foram totalmente devastadas", lamentou ele, antes de insistir que "a prioridade é sempre o povo".

"Há muitas áreas conectadas. Não é possível ter uma economia vibrante que gere empregos se não houver um estado de direito. Ninguém vai investir em um país onde não há segurança.

Por esse motivo, ele argumentou que a situação "precisa ser enfrentada na dimensão emergencial, porque as pessoas precisam sentir no corpo e na alma, desde o primeiro dia, o que significa a chegada da liberdade", além de realizar "profundas transformações para construir essa nova estrutura institucional, que terá de durar muito tempo".

"Trabalharemos muito rapidamente na segurança, na polícia e no exército, na área da justiça, colocando ordem na economia e nas contas públicas, incentivos para o investimento estrangeiro", disse Machado, enfatizando que González é o presidente eleito e a pessoa que deve estar à frente de uma transição, sem querer revelar se ele tem planos de concorrer à presidência no futuro.

DESCREVE COMO "MUITO NECESSÁRIO" CORTAR "AS FONTES DE ATIVIDADES ILEGAIS".

A oposição explicou que "a sociedade venezuelana deu tudo de si para uma transição para a democracia em ordem e em paz" e argumentou que os venezuelanos "exerceram seu direito ao voto e à soberania popular em 28 de julho de 2024 e elegeram Edmundo González como nosso presidente legítimo".

"É o regime de Maduro que tem travado uma guerra contra os venezuelanos, que foi descrita como terrorismo de Estado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e como crimes contra a humanidade pelas Nações Unidas", denunciou, antes de insistir que Maduro "se baseia em regimes totalitários em outras partes do mundo para atacar e prejudicar milhões de venezuelanos".

"Rússia, Irã, Cuba, grupos terroristas como Hezbollah, Hamas, cartéis de drogas e guerrilheiros colombianos estão ocupando a Venezuela. Essa é a verdadeira ocupação", disse o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, que pediu à comunidade internacional "ajuda para bloquear a entrada desses recursos que vêm de atividades ilegais, que é o que sustenta a estrutura repressiva do regime".

"Assim como o regime depende de sistemas criminosos, precisamos que as democracias do mundo apoiem os cidadãos. Pedimos ao mundo que aja, não é uma questão de declarações, é uma questão de ações", disse ele, em um endosso tácito às ações dos EUA contra o que ele considerou serem grupos de tráfico de drogas que operam no país sul-americano.

Ele continuou dizendo que "o regime usa os recursos derivados de atividades ilegais, incluindo o mercado negro de petróleo, não para fornecer alimentos para crianças famintas, não para professores que ganham um dólar por dia, não para hospitais que não têm remédios ou água, não para segurança".

"Ele usa esses recursos para reprimir e perseguir nosso povo, para comprar armas, para se infiltrar em nossos movimentos (...) para manter nossos amigos e colegas na prisão", disse Machado, enfatizando que "esses grupos criminosos devem ser detidos" e que "cortar as fontes de atividades ilegais é uma medida muito necessária".

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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