MADRID 18 set. (EUROPA PRESS) -
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou nesta quarta-feira que "o povo americano vai pagar pelos erros" que, segundo ele, estão sendo cometidos nas relações bilaterais pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem ele afirmou não ter "nenhuma relação".
"O povo americano pagará pelos erros que o presidente Trump está cometendo em sua relação com o Brasil", disse em entrevista à BBC, em alusão ao aumento do preço das exportações brasileiras para os Estados Unidos, como a carne bovina e o café.
O presidente brasileiro ressaltou que soube das medidas tarifárias de seu colega norte-americano por meio da mídia brasileira, lamentando que Trump "não se comunicou de forma civilizada. Ele simplesmente as publicou em seu site, nas redes sociais".
Ele também reconheceu que não tem "nenhuma relação com Trump", porque quando o magnata americano chegou à Casa Branca, ele não era presidente. "Sua relação é com (o ex-presidente Jair) Bolsonaro, não com o Brasil", disse.
No entanto, ele disse que se o encontrasse na Assembleia Geral da ONU na próxima semana, ele o "cumprimentaria", definindo-se como "um cidadão civilizado". Mesmo assim, o presidente brasileiro afirmou que Trump é "presidente dos Estados Unidos, não o imperador do mundo".
Além disso, Lula acusou a Casa Branca de "inventar falsidades" ao declarar que Bolsonaro estava sendo perseguido. "Ele prejudicou o país, tentou um golpe de Estado e planejou minha morte", disse o presidente brasileiro sobre seu antecessor, que foi condenado no Supremo Tribunal Federal na última quinta-feira a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
O líder brasileiro não se surpreendeu com o fato de Bolsonaro continuar a "apresentar sua defesa" diante da decisão da Suprema Corte, mas ressaltou que, "por enquanto, ele é culpado". Ele também destacou que, se o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 tivesse ocorrido no Brasil e não nos Estados Unidos, Trump também teria sido julgado.
A ONU PODERIA TER EVITADO AS GUERRAS NA UCRÂNIA E EM GAZA, DIZ LULA
Em nível internacional, Lula lamentou que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU tenham poder de veto. Isso, segundo ele, inclina a balança a favor daqueles que venceram a Segunda Guerra Mundial, excluindo nações que representam bilhões de pessoas, como Brasil, Alemanha, Índia, Japão e países africanos.
Lula criticou o fato de a ONU "não ter tido força para resolver conflitos" e de os cinco membros permanentes - EUA, Rússia, China, Reino Unido e França - terem tomado decisões "unilaterais" sobre guerras. Se a organização tivesse "funcionado" corretamente, ele denunciou, nem a guerra na Ucrânia nem o "genocídio", "não a guerra", em Gaza estariam acontecendo.
Nesse sentido, questionado sobre a compra de petróleo da Rússia enquanto a Federação está envolvida na invasão e nos contínuos ataques contra a Ucrânia, Lula defendeu que "o Brasil não financia a Rússia". "Nós compramos petróleo da Rússia porque precisamos comprar petróleo, assim como a China, a Índia, o Reino Unido ou os Estados Unidos", argumentou.
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