Ele defende um regime de comércio multilateral em face do "protecionismo ressurgente".
MADRID, 6 jul. (EUROPA PRESS) -
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou neste domingo, do Rio de Janeiro, onde teve início a cúpula dos BRICS, o aumento dos gastos militares recentemente assinado pelos 32 membros da OTAN, de até 5% do PIB.
"A recente decisão da OTAN alimenta uma corrida armamentista. É mais fácil alocar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para a Assistência Oficial ao Desenvolvimento", argumentou Lula, conforme citado pelo jornal
"Isso mostra que os recursos para implementar a Agenda 2030 existem, mas não estão disponíveis devido à falta de prioridade política. É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz", acrescentou.
Lula inaugurou o primeiro dos dois dias da cúpula, que tem ausências notáveis, como o presidente chinês, Xi Jinping; o presidente russo, Vladimir Putin; o presidente egípcio, Abdelfatá al Sisi, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro.
O texto final já acordado e vazado pela mídia brasileira quase não menciona a guerra na Ucrânia, mas o anfitrião se referiu ao conflito. "É urgente que as partes envolvidas na guerra na Ucrânia aprofundem o diálogo direto com vistas a um cessar-fogo e uma paz duradoura. O Grupo de Amigos pela Paz, criado pela China e pelo Brasil e que inclui os países do Sul Global, está tentando identificar possíveis maneiras de acabar com as hostilidades", enfatizou Lula.
O documento final também defende o multilateralismo e a solução de conflitos por meio de canais diplomáticos, e critica a ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, que Lula chamou de "genocídio".
"Nada justifica as ações terroristas cometidas pelo Hamas, mas não é possível ficar indiferente ao geocídio praticado por Israel em Gaza", com uma "matança indiscriminada de civis inocentes e o uso da fome como arma de guerra", disse.
Lula defendeu, portanto, a criação de um Estado palestino nas fronteiras de 1967 como forma de pôr fim ao conflito durante uma sessão intitulada "Paz e segurança e reforma da governança global".
Lula também condenou as "violações territoriais" de Israel contra o Irã - um membro recente do BRICS - e os ataques na Caxemira.
REGIME INTERNACIONAL MULTILATERAL
De forma mais geral, Lula afirmou que os BRICS, como países emergentes, são "garantia de um futuro promissor" e, nesse sentido, defendeu a "defesa do regime multilateral de comércio e a reforma da arquitetura financeira internacional" em um cenário de "protecionismo ressurgente", em referência às tarifas anunciadas por Donald Trump.
O presidente brasileiro também propôs uma "governança multilateral" sobre inteligência artificial para que haja controle e "regras claras" no desenvolvimento dessa tecnologia.
"A inteligência artificial traz possibilidades que só poderíamos imaginar há alguns anos. Se não houver diretrizes claras acordadas coletivamente, serão impostos modelos gerados com base na experiência das grandes empresas de tecnologia. Os riscos e os efeitos colaterais da inteligência artificial exigem uma governança multilateral", defendeu.
No plano econômico, Lula defendeu "um novo modelo de desenvolvimento" para os BRICS que respeite a descarbonização da economia e o progresso em áreas como agricultura e energias renováveis.
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