Publicado 16/05/2025 10:17

Líderes europeus apoiam Zelenski e pedem unidade diante da grosseria de Putin na Turquia

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski, seu colega francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro albanês Edi Rama durante a cúpula da Comunidade Política Europeia em Tirana, Albânia.
Kay Nietfeld/dpa

Zelenski pede uma resposta "forte" à "teatralidade" da Rússia nas negociações

BRUXELAS, 16 maio (EUROPA PRESS) -

Os líderes europeus mostraram nesta sexta-feira seu apoio ao presidente ucraniano Volodymyr Zelenski e pediram "unidade" e "determinação" diante da "teatralidade" da Rússia no contexto das conversações que estão sendo realizadas na cidade turca de Istambul, as primeiras negociações diretas entre Kiev e Moscou nos últimos três anos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou que a ordem mundial "tenha se transformado em uma desordem mundial" e culpou as ideias "imperialistas" de Putin e outras "disjunções geopolíticas" por isso. Ele fez essa declaração de Tirana, capital da Albânia, durante seu discurso na cúpula da Comunidade Política Europeia, onde disse que a Europa "está finalmente bem acordada".

"O próprio fato de estarmos aqui hoje, junto com Zelenski, é um sinal de nossa unidade inquebrantável. Há três anos, temos demonstrado unidade, determinação e grande cooperação na defesa da soberania da Ucrânia e na busca de maneiras de estabelecer a paz e as garantias de segurança para a Ucrânia", disse ele.

Nesse sentido, ele defendeu que, durante esse tempo, "a grande maioria dos membros da Comunidade Política Europeia apoiou as sanções impostas contra a Rússia", que tiveram seu efeito sobre Moscou, como ele sustentou. "Os lucros obtidos com a exportação de petróleo bruto russo caíram quase 80% em comparação com os dados coletados antes da guerra", destacou, lembrando que a inflação continua aumentando na Rússia.

"Estamos preparados para fazer mais para levar Putin à mesa de negociações, mas também estamos reunidos aqui hoje para articular nossa visão de um futuro comum, de uma Europa de prosperidade compartilhada. Se tivermos sucesso, essa será a cola que unirá a estabilidade e a paz em nosso continente", disse ele.

Mais cedo, von der Leyen anunciou um novo pacote de sanções contra a Rússia que incluirá um veto ao gasoduto Nord Stream, bem como novos golpes nos bancos que apoiam sua máquina de guerra e a "frota fantasma" com a qual Moscou está tentando contornar as restrições comerciais.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, enfatizou a importância de "unir forças" contra a Rússia, já que a "ordem baseada no estado de direito está sendo minada em muitas frentes". "A agressão da Rússia contra a Ucrânia trouxe de volta um conflito de grande escala no continente. Essa é uma guerra contra a comunidade internacional, contra todos os princípios que defendemos, como a soberania e a inviolabilidade das fronteiras", lamentou.

É por isso que ele enfatizou que a Europa "tem grandes desafios" pela frente. "Precisamos unir forças. A Europa precisa atingir seu objetivo e restaurar a paz na Ucrânia. O direito internacional deve prevalecer. Sabemos que a segurança da Ucrânia é a nossa segurança", disse ele, enquanto defendia um maior investimento em defesa. "A paz sem defesa é apenas uma ilusão", disse ele.

Ele foi acompanhado pelo presidente francês Emmanuel Macron, que lembrou que a guerra na Ucrânia é uma batalha que "todos nós estamos lutando". "Acho que as últimas horas mostraram que a Rússia não quer um cessar-fogo", disse ele. "A Rússia quer retomar as negociações que ocorreram em 2022, que não impediram os crimes de guerra em Bucareste e que não produziram nenhum resultado", disse ele.

SANÇÕES E GASTOS COM DEFESA

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer, que também participou da reunião, expressou a necessidade de "unidade absoluta entre os aliados" e pediu aos líderes europeus que "estejam preparados para cumprir seu próprio ultimato". "Se a Rússia não se apresentar à mesa de negociações, Putin terá que arcar com as consequências. A Rússia está se arrastando e fazendo joguinhos, enquanto a Ucrânia prova ser a verdadeira defensora da paz", disse ele.

Starmer aproveitou a ocasião para defender a "coragem" e a "resiliência" do povo ucraniano, algo que "todos deveriam defender". "É uma liderança na luta pela paz, e todos nós devemos nos alinhar como aliados para garantir que um cessar-fogo seja alcançado. As sanções devem ser impostas, se necessário", continuou ele.

"O Reino Unido está totalmente comprometido em fazer sua parte, e é por isso que aumentamos nossos gastos com defesa para 2,5% do PIB até 2027, com uma clara ambição de chegar a 3% na próxima legislatura", disse ele.

O chanceler alemão Friedrich Merz e a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni também se manifestaram, pouco antes do início da cúpula, a favor de uma ação conjunta e de uma frente diplomática comum.

Merz pediu a "unidade europeia" para "alcançar a paz" e disse que estava comprometido com a "coesão europeia". "Espero que possamos persuadir os americanos a trabalharem juntos e ajudarem a encontrar soluções para acabar com essa guerra", enfatizou, enquanto Meloni pediu aos parceiros europeus que "exijam um cessar-fogo e garantias para Kiev". "Podemos ver quem quer a paz", disse ele.

Ele pediu a introdução de medidas para "pressionar" a Rússia a pôr fim ao conflito. "Não podemos jogar a toalha. Nas últimas horas, pudemos ver quem está pronto para tomar medidas importantes para alcançar a paz e quem está menos pronto", disse ele, em uma crítica velada a Putin.

O primeiro-ministro da Albânia, Edi Rama, anfitrião da cúpula, pediu uma Europa que esteja "mais presente do que nunca" na região dos Bálcãs. Nesse sentido, ele apoiou a mensagem geral de "unidade", ao mesmo tempo em que lembrou a importância da paz.

ZELENSKI PEDE UMA RESPOSTA "FORTE

Zelenski já havia pedido uma resposta "forte" dos parceiros europeus à "teatralidade" da Rússia nas negociações de Istambul e lamentou que a Rússia tenha enviado "a mesma equipe para as negociações de 2022". Isso mostra, enfatizou ele, que "a Rússia não mudou sua abordagem durante todo esse tempo".

"A Rússia faz muitas declarações, faz muitas ameaças, mas elas não resolvem nada. Eles estão fazendo tudo o que podem para transformar esta reunião em Istambul em um processo vazio, como a reunião de 2022", alertou, enquanto acusava Moscou de "destruir o significado da diplomacia" com suas ações.

"Se for constatado que a delegação russa está simplesmente fazendo teatro, o mundo deve reagir. É necessária uma forte reação, incluindo sanções contra bancos e contra o setor energético russo. A pressão deve continuar a aumentar até que um avanço real seja alcançado", argumentou Zelenski, em uma mensagem clara aos líderes europeus presentes na cúpula.

Referindo-se à atitude do presidente russo, que anunciou na noite de quarta-feira que não participaria da reunião em Istambul, ele pediu que ele desse "autoridade real" à delegação russa para "pôr fim aos massacres" na Ucrânia. "A diplomacia deve ter uma chance real", enfatizou.

"Todos nós sabemos quem toma as decisões na Rússia e, junto com os países que estão aqui, começamos a criar uma nova arquitetura de segurança para a Ucrânia e para toda a Europa", destacou Zelenski, ressaltando que "o apoio dos Estados Unidos é essencial".

Com relação ao objetivo da delegação ucraniana, ele enfatizou que "a prioridade número um é um cessar-fogo honesto e incondicional". "Se os representantes da Rússia hoje em Istambul não conseguirem sequer concordar com um cessar-fogo, ficará claro que Putin continua a minar a democracia", argumentou.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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