MADRID 29 out. (EUROPA PRESS) - 
   O ex-primeiro-ministro italiano (2013-2014) Enrico Letta admitiu que apoia a adesão da Ucrânia à UE, mas a considera "complicada" por causa de suas dimensões militar e agrícola, ao mesmo tempo em que aplaudiu a decisão da UE-27 de definir 2028 como o ano para completar a integração do mercado único europeu. "Essa é uma boa notícia", disse ele.
   Letta enfatizou a necessidade de uma maior unidade europeia para poder exercer influência em nível global e disse que, para que a UE seja competitiva, é necessário "estar integrada em nível europeu", dando como exemplo a introdução da moeda única e os avanços na indústria aeronáutica.
    Essa foi a opinião do atual decano da Escola de Política, Economia e Assuntos Globais do IE, em uma conferência organizada pela Fundação Alternativas na quarta-feira sob o título "Uma oportunidade para a Europa", na qual ele aplaudiu a "boa notícia" do acordo entre a UE-27 para definir 2028 como o ano para a conclusão do mercado único.
    "A ideia de ter 2028 como o novo 1992, acredito, deve ser a única capacidade de mobilização", destacou Letta, lembrando a data de 31 de dezembro de 33 anos atrás, o dia estabelecido pelo então presidente da Comissão Europeia, Jaques Delors, para abrir o caminho para o mercado único, e que o ex-primeiro-ministro italiano lembra como uma "data que mobilizou as energias de toda a Europa".
UCRÂNIA, "SIM", MAS ELE A VÊ COMO "COMPLICADA".
   Com relação à possível entrada da Ucrânia na União Europeia, Letta garantiu que é favorável a essa medida, mas advertiu que a considera "complicada" devido ao grande tamanho do país no setor de defesa e na agricultura. Por outro lado, ele não vê nenhum tipo de problema com a ampliação para os países "mais fáceis", como Albânia, Montenegro, Moldávia ou Macedônia do Norte.
   "Atualmente, a Ucrânia é o país número um em defesa e, no setor agrícola, participa do 'campeonato mundial'. A experiência dramática da guerra está mudando o que a Ucrânia era e o que a Ucrânia será. Se Varsóvia está falando sobre a adesão da Ucrânia à UE, os poloneses são contra por causa da agricultura", disse Letta.
   Durante a conversa moderada pelo vice-presidente executivo da Fundação e ex-secretário de Estado para a União Europeia (2008-2011) Diego López Garrido, o ex-chefe do Executivo italiano relembrou uma frase atribuída a um representante da minoria romena no Parlamento húngaro, que definiu a UE como "o lugar do respeito às minorias".
    "A grandeza da Europa é que somos todos minorias, especialmente em um mundo em que há a tendência oposta de as maiorias quererem dominar as minorias. E na Europa somos todos minorias", enfatizou Letta.
"ÚLTIMA CHANCE", EUROPA
   Letta, autor do livro "Europa. Last Chance" (Espasa, 2025) e do relatório Letta, explicou que esse apelo urgente se deve ao fato de que, no futuro, e com o crescimento de atores como a China e a Índia, se a UE não estiver unida, ela poderá se ver afastada da liderança mundial, na qual teria apenas um debate interno sobre se quer ser "uma colônia americana ou uma colônia chinesa".
   "O custo de 'nenhuma Europa' é o que os americanos e os chineses estão aumentando. Todos eles estão felizes com o fato de a Europa estar fragmentada e não ser forte, porque isso lhes dá a possibilidade de desempenhar um papel maior. Nós somos um problema para eles porque nós, europeus, gostamos do Estado de Direito e da liberdade de expressão", disse Letta.
    Além disso, ele advertiu que se a Europa não avançar em direção à integração final em setores como inovação, finanças e tecnologia, a consequência será que os americanos "dominem" as finanças, os chineses e os americanos "a tecnologia" e os chineses "a indústria", algo que ele adverte que "já está acontecendo neste período".
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