MADRID, 20 nov. (EUROPA PRESS) -
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, anunciou nesta quinta-feira que o acordo alcançado em setembro no Egito com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) "é oficialmente considerado finalizado", após a resolução aprovada horas antes pelo Conselho de Governadores da agência, exigindo que Teerã informe "sem mais demora" sobre a situação da quantidade de urânio enriquecido que tem armazenado e sobre as instalações nucleares bombardeadas durante a ofensiva lançada em junho por Israel, à qual se juntaram posteriormente os Estados Unidos.
Araqchi indicou que considera o acordo, destinado a retomar parcialmente a cooperação após a ofensiva, encerrado pela resolução, que ele considera "ilegal e politicamente motivada", uma decisão que já foi notificada ao diretor geral da AIEA, Rafael Grossi, de acordo com a agência de notícias iraniana Tasnim.
Ele ressaltou que essa decisão do órgão internacional ignora a "boa vontade" demonstrada por Teerã e "mina a credibilidade e a independência" da AIEA, antes de argumentar que o acordo do Cairo já perdeu "sua base prática" com a decisão do E3 - Reino Unido, França e Alemanha - de reativar o snapback para reimpor as sanções da ONU suspensas após o acordo nuclear de 2015.
A resolução aprovada pelo Conselho de Governadores, fornecida à Europa Press por um porta-voz da agência, pede que o Irã "cumpra totalmente e sem mais demora suas obrigações legais sob as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e estenda a cooperação total e imediata com a AIEA", incluindo informações sobre seus estoques de urânio e acesso dos inspetores da agência a esses locais.
"O Irã deve cumprir totalmente e sem reservas o Acordo de Salvaguardas do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP)", diz o documento, que pede que Teerã forneça à AIEA "informações precisas sobre a contabilidade de materiais nucleares e instalações nucleares seguras no Irã" e conceda "todo o acesso necessário para verificar essas informações".
O documento pede que o Irã "aja estritamente de acordo com as disposições do Protocolo Adicional assinado em 18 de dezembro de 2003 e implemente essa medida totalmente e sem demora", ao mesmo tempo em que coloca a questão da implementação do Acordo de Salvaguardas pelo Irã e as disposições relevantes das resoluções do Conselho de Segurança da ONU novamente em sua agenda.
A ofensiva foi lançada em meio a contatos entre Washington e Teerã para tentar chegar a um novo acordo nuclear - após o colapso do acordo assinado em 2015 devido à decisão dos EUA de se retirar unilateralmente em 2018 durante o primeiro mandato de Donald Trump - esforços que foram colocados em espera na sequência do conflito, no qual as forças iranianas lançaram centenas de mísseis e drones em território israelense.
O Irã assinou um novo acordo de cooperação com a AIEA em setembro, depois que os laços se deterioraram na esteira da ofensiva de Israel, mas a decisão do E3 dias depois voltou a tensionar as relações. Grossi pediu a Teerã na quarta-feira acesso às instalações nucleares bombardeadas e argumentou que "não seria lógico" se a eventual adoção da resolução levasse a "menos cooperação".
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