Europa Press/Contacto/Cris Faga
MADRID, 1 nov. (EUROPA PRESS) -
A organização Human Rights Watch (HRW), especializada em monitorar a situação dos direitos humanos no mundo, denunciou no final da sexta-feira que a polícia brasileira ainda não tomou as medidas "cruciais" necessárias para investigar os assassinatos de pelo menos 121 pessoas, incluindo quatro policiais, durante o ataque letal ocorrido na última terça-feira em uma favela do Rio de Janeiro.
De acordo com o relatório da HRW, a polícia não preservou as cenas do crime, segundo um perito forense do Rio de Janeiro. Um promotor estadual indicou que seu gabinete está aguardando confirmação, mas compartilha a mesma impressão.
"As famílias dos mortos na operação de 28 de outubro, incluindo as dos policiais, merecem saber as circunstâncias da morte de seus entes queridos", disse César Muñoz, diretor da Human Rights Watch no Brasil. "Estamos profundamente preocupados com o fato de que medidas cruciais de investigação não tenham sido tomadas e que provas importantes tenham sido perdidas.
O Rio de Janeiro ainda está se recuperando da operação que começou na madrugada de 28 de outubro, quando cerca de 2.500 policiais militares e civis fortemente armados, apoiados por veículos blindados e helicópteros, entraram nos bairros do Alemão e da Penha em uma tentativa de desmantelar um dos grupos de tráfico de drogas mais poderosos do Brasil.
A incursão foi concluída com uma operação de "pinça" nos arredores da floresta, onde dezenas de policiais interceptaram os criminosos que estavam fugindo da área urbana. Foi na área verde que a população dos bairros encontrou dezenas de cadáveres, que se somaram aos mais de 60 corpos encontrados nas ruas até aquele momento.
"Reconhecemos as dificuldades inerentes a uma área de mata, mas a falta de controle na preservação do local é surpreendente", lamentou a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro.
O perito forense disse à Human Rights Watch que os chefes da Polícia Civil não destacaram seus colegas para realizar a análise da cena do crime. A análise da cena do crime deve ser realizada mesmo que o corpo tenha sido removido, pois pode haver evidências adicionais no local.
Além disso, de acordo com o perito forense, os peritos forenses não foram enviados à praça onde os moradores haviam removido dezenas de corpos, o que a HRW descreveu como outra grande falha na investigação. Em 30 de outubro, várias organizações da sociedade civil, incluindo a Human Rights Watch, solicitaram ao procurador-geral do Rio de Janeiro que garantisse a presença de um representante das vítimas durante as autópsias, pedido que não foi atendido.
Além disso, a HRW denuncia que a polícia, em vez de preservar as armas apreendidas, apresentou-as à mídia e seus agentes começaram a manuseá-las sem luvas.
Por fim, a HRW lembra que, em 2024, a polícia do Rio de Janeiro matou 703 pessoas, segundo dados oficiais, e fez o mesmo com outras 470 entre janeiro e agosto de 2025. Dos mortos em 2024, 86% eram negros.
"As autoridades brasileiras devem garantir uma investigação rápida, completa e independente de cada uma das mortes, bem como das decisões e do planejamento que levaram a uma operação tão desastrosa", disse Muñoz.
"Esse caso também destaca a necessidade urgente de o governador do Rio de Janeiro apresentar um projeto de lei para separar os serviços forenses da polícia civil e investir em análises forenses independentes e de alta qualidade, uma parte fundamental de qualquer investigação criminal, não apenas em casos de mortes por policiais", acrescentou.
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