Europa Press/Contacto/Liau Chung-ren
Autoridades optam por forte atuação policial após a prisão de várias pessoas por incitarem boicotes
O governo defende a realização de eleições para consolidar suas reformas e impulsionar a reconstrução
MADRID, 6 dez. (EUROPA PRESS) -
A população de Hong Kong irá às urnas neste domingo para votar nas eleições legislativas, um encontro que não foi adiado e que ocorrerá em um ambiente sombrio após o trágico incêndio que ocorreu no final de novembro em um complexo de arranha-céus no distrito de Tai Po.
O incêndio, que se espalhou rapidamente pelo complexo Wang Fuk Court e até agora deixou mais de 150 pessoas mortas, chegou a levantar a possibilidade de adiar as eleições - que, de acordo com a lei de Hong Kong, podem ser adiadas por até 14 dias por motivos de segurança.
No entanto, o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, afirmou que a eleição dos membros do Conselho Legislativo continuará dentro do cronograma, dada a importância dessas eleições para a região administrativa especial chinesa, que está buscando manter a "estabilidade" e consolidar suas reformas.
Essas eleições são vistas por especialistas como uma espécie de referendo sobre a administração do governo de Hong Kong, que está enfrentando cada vez mais críticas e descontentamento em meio a medidas de segurança reforçadas.
O sistema baseia-se novamente na ideia de que "somente patriotas" podem se candidatar, como foi o caso durante as eleições locais de 2023 com o apoio do Partido Comunista da China. Pequim está, portanto, tentando reforçar seu controle sobre a ex-colônia britânica, apesar das críticas dos críticos e da comunidade internacional, que veem isso como uma violação dos direitos e liberdades fundamentais.
Muitos consideram que a medida prejudica a ideia de "um país, dois sistemas" que Pequim alega governar a região, mas também Macau. A possibilidade de a região manter seu próprio sistema jurídico à margem sofreu um grande revés após fortes protestos contra o governo em 2019.
"APENAS PATRIOTAS".
Com esse sistema modificado que minimiza as opções de presença da oposição na Assembleia, apenas os candidatos considerados "patriotas" pelo governo poderão se candidatar nas eleições em que apenas 20 deputados são eleitos diretamente pela população, enquanto os demais são votados por comitês.
Embora o governo já tenha anunciado que planeja implantar uma forte presença policial, ele expressou confiança de que as eleições serão realizadas com sucesso e "de acordo com a ordem constitucional". Além disso, ele garante que as eleições favorecerão uma "recuperação mais rápida" do desastre e reafirma a "responsabilidade" que demonstrou ao investigar o incêndio e processar os possíveis culpados.
Lee também anunciou a introdução de "reformas sistemáticas" após o incêndio e pediu ações "para o bem comum". "Vamos traduzir todas essas lições dolorosas em ações concretas para fortalecer a segurança na cidade e a reforma institucional", disse ele. "Devemos seguir em frente antes de transformar a dor e o luto em força", acrescentou.
Para o governo chinês, as novas políticas para Hong Kong representam um retorno à "estabilidade" e uma solução para o "caos" desencadeado por "forças estrangeiras" na região. Entretanto, os ativistas de Hong Kong afirmam que a maioria dos dissidentes foi presa ou fugiu da região desde que Pequim implementou uma série de medidas contra eles.
Em 2019, no auge de uma onda de críticas e protestos contra a interferência chinesa na autonomia do território, os candidatos dissidentes conquistaram mais da metade das cadeiras graças a um extraordinário comparecimento de 71% dos eleitores.
MOBILIZAÇÃO POLICIAL E PRISÕES
Por enquanto, as autoridades locais justificaram o reforço da segurança nas ruas para evitar surtos de violência, protestos e bloqueios. Até o momento, várias pessoas foram presas na última semana por convocarem um boicote, bem como por vandalismo, considerando que essa não é uma votação democrática.
"As forças de segurança mostrarão tolerância zero para todas as tentativas de interferir ou obstruir as eleições legislativas", disse o inspetor de polícia Chan Man Hei. "Não pouparemos esforços na condução das investigações. Faremos o máximo para fazer cumprir a lei para que as pessoas possam votar de forma segura e ordeira", disse ele, de acordo com a criminalização do protesto que vem com a lei de segurança nacional aprovada em 2020.
Contra todas as probabilidades, os fóruns organizados pelo governo, que servem como espaços para os candidatos debaterem e interagirem com o público, foram retomados na quarta-feira, embora os eventos de campanha tenham sido completamente suspensos em sinal de respeito às vítimas do incêndio.
No entanto, espera-se que o comparecimento às urnas seja prejudicado, seguindo a tendência das eleições anteriores: em 2012, foi de apenas 30,2%, em comparação com 58,3% em 2016.
As autoridades tentaram incentivar o comparecimento e anunciaram que os eleitores receberão linhas de ônibus exclusivas para ajudá-los a chegar às urnas, mas todos os sinais apontam para uma alta abstenção em uma atmosfera sombria após a tragédia.
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