Publicado 21/11/2025 14:06

Guterres lembra que qualquer plano de paz para a Ucrânia deve respeitar sua integridade territorial

Ele conclama os países africanos a "se unirem e proporcionarem a estabilidade, a esperança e a paz que o povo do Sahel precisa e merece".

Insta os países a reformarem as instituições globais em face da sub-representação da África

BELÉM, 21 de novembro de 2025 -- O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fala em uma coletiva de imprensa durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, Brasil, em 20 de novembro de 2025. Na quinta-
Europa Press/Contacto/Lucio Tavora

MADRID, 21 nov. (EUROPA PRESS) -

Às vésperas da cúpula do G20 em Joanesburgo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que qualquer plano de paz para a Ucrânia deve respeitar sua integridade territorial, na esteira do "roteiro" de 28 pontos apresentado pelos Estados Unidos para acabar com a guerra, que insinua a possibilidade, ao contrário, de que Kiev se resigne a perder território.

"Os critérios para qualquer plano de paz devem sempre se basear nos valores da Carta da ONU e na lei internacional", disse ele em uma coletiva de imprensa no G20 em Joanesburgo, África do Sul, acrescentando que também deve "respeitar as resoluções da Assembleia Geral da ONU" sobre integridade territorial.

Guterres disse que a ONU não sabe qual é o plano de paz no momento. "Estamos falando de algo que apareceu na mídia, mas não foi formalmente apresentado pelos Estados Unidos ou por qualquer outra entidade", disse ele.

Nesse sentido, ele se referiu às recentes palavras do porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, que disse estar "ciente de possíveis modificações" no plano do presidente dos EUA, Donald Trump, embora a Rússia "não tenha recebido nada sobre isso".

Falando de Johanesburgo, o secretário-geral da ONU reiterou a necessidade de "uma paz justa, sustentável e abrangente na Ucrânia", de acordo com a Carta da ONU, o direito internacional e as resoluções da Assembleia Geral.

Com relação à Faixa de Gaza, ele indicou que a paz é essencial e pediu que as partes "respeitem o cessar-fogo, acabem com as violações contínuas e implementem totalmente os compromissos do acordo de paz".

Ele também pediu um "roteiro" político "confiável" para acabar com a ocupação" e "concretizar o direito do povo palestino à autodeterminação" por meio de "uma solução de dois estados que permita que israelenses e palestinos vivam lado a lado em paz e segurança", de acordo com a lei internacional.

SOBRE A VIOLÊNCIA NA ÁFRICA

O Sr. Guterres pediu o fim da "matança" e a "cessação das hostilidades" no Sudão, além de garantir "a entrega segura, desimpedida e rápida de ajuda humanitária aos civis" no Sudão.

Ele também pediu aos países que "interrompam o fluxo de armas e combatentes para o Sudão", ao mesmo tempo em que pediu ao exército sudanês e às Forças de Apoio Rápido (RSF) que participem das negociações para acabar com a guerra, que eclodiu devido a fortes divergências sobre o processo de integração do grupo paramilitar às forças armadas.

O conflito, marcado pela intervenção de vários países em apoio às partes beligerantes, mergulhou o país em uma das maiores crises humanitárias do mundo, com milhões de pessoas deslocadas e refugiadas e alarme internacional sobre a disseminação de doenças e danos à infraestrutura crítica.

Guterres também falou sobre a República Democrática do Congo, para a qual ele pediu "paz" e "uma solução duradoura que respeite a soberania e a integridade territorial do país, ao mesmo tempo em que aborda as causas fundamentais da instabilidade e da violência".

O conflito no país se intensificou após uma ofensiva da milícia Movimento 23 de Março (M23), composta principalmente por tutsis congoleses, que conseguiu tomar as capitais das províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.

"Precisamos de segurança e paz no Sahel. Grupos armados e redes terroristas continuam a tirar proveito da governança frágil e das tensões intercomunitárias, alimentando ciclos de violência que deslocaram milhões de pessoas e desestabilizaram comunidades inteiras", enfatizou.

O Secretário-Geral também destacou o Mali, onde a atividade dos grupos jihadistas representa "novos riscos para a região e para todo o continente". "Para lidar com essa grave situação de segurança, são necessárias ações urgentes para reconstruir a confiança e fortalecer a cooperação entre os países da região", disse ele.

Nesse sentido, ele pediu aos países africanos que "se unam e proporcionem a estabilidade, a esperança e a paz que o povo do Sahel precisa e merece". "Em todos os lugares - do Haiti ao Iêmen, à Birmânia e além - devemos escolher a paz com base no direito internacional", disse ele.

O PAPEL DO G20

Em outra parte de seu discurso, Guterres enfatizou que "conflitos, caos climático, incerteza econômica, aumento da dívida, desigualdade e o colapso da ajuda internacional estão causando sofrimento maciço em todo o mundo".

"Como as maiores economias do mundo, o G20 pode exercer enorme influência para aliviar o sofrimento, garantir que o crescimento econômico seja amplamente compartilhado e colocar nosso mundo no caminho para um futuro melhor e mais pacífico", disse ele.

A África continua lamentavelmente sub-representada nas instituições globais. "Ela tem sido uma dupla vítima do colonialismo. Primeiro, por séculos de exploração e pilhagem; depois, com a criação de instituições internacionais, quando a maioria dos países africanos ainda estava sob o domínio colonial e suas vozes não tinham lugar", disse ele.

Ele pediu que isso "mude", já que os países africanos sofrem com a "redução do espaço fiscal, dívidas incapacitantes e uma arquitetura financeira global que não lhes dá apoio e representação adequados".

Guterres reiterou que "muitos países em desenvolvimento, especialmente na África, estão na base das cadeias de valor ou excluídos das oportunidades comerciais". "Os membros do G20 podem liderar o caminho removendo as barreiras comerciais e garantindo acesso irrestrito aos seus mercados para os países mais pobres", disse ele.

SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O Secretário-Geral destacou que "os países não conseguiram manter as temperaturas dentro do limite de 1,5 grau" e assegurou que a Cúpula do Clima (COP30) em Belém (Brasil) "mostra o quanto ainda há para ser feito".

"Precisamos promover uma transição justa para as energias renováveis. No ano passado, 90% da nova capacidade de eletricidade veio de fontes renováveis. O investimento global em energia limpa atingiu dois trilhões de dólares, US$ 800 bilhões a mais do que em combustíveis fósseis, mas apenas uma proporção insignificante foi para a África", disse ele.

Guterres disse que "a África deve estar no centro dessa revolução da energia limpa". "O continente tem um imenso potencial solar e eólico, mas não tem o investimento necessário para aproveitá-lo", disse ele.

Ele argumentou que "uma transição energética justa também deve significar a eletrificação total da África" para abastecer casas, escolas, clínicas e indústrias. Também deve significar "criar empregos decentes para seus jovens".

"A era da energia limpa não deve deixar ninguém no escuro, muito menos um continente que foi o que menos contribuiu para a crise climática. A economia está do nosso lado, mas a vontade política deve nos acompanhar", disse ele.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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