MADRID 9 jun. (EUROPA PRESS) -
O antigo 'braço direito' do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro, coronel Mauro Cid, confirmou nesta segunda-feira perante o Supremo Tribunal Federal que o então presidente recebeu, leu e modificou um projeto de golpe de Estado em 2022 com o qual pretendia permanecer no poder após as eleições de outubro daquele ano.
Durante seu depoimento, Cid confirmou que foram realizadas pelo menos duas reuniões em que o ex-assessor Filipe Martins levou a Bolsonaro um documento com a proposta de golpe para reverter o resultado. Na reunião, Bolsonaro leu a minuta e propôs alterações no documento.
Nesse sentido, ele explicou que, ao receber o plano, "diluiu o texto", que previa a prisão de vários juízes de Tribunais Superiores e outras autoridades do Judiciário e do Legislativo. "Ele diluiu o documento, basicamente, expulsando as autoridades dos presídios, só o senhor ficaria preso", disse, dirigindo-se ao desembargador Alexandre de Moraes, relator do caso.
Cid - que apertou a mão de Bolsonaro em sua chegada ao tribunal - explicou que não estava na sala onde Bolsonaro fez as alterações no projeto, onde estava Filipe Martins, mas disse que lhe foi mostrado o documento depois: "Eu vi o documento (...) e já tinha as correções", disse ele.
"Fui testemunha da maioria dos fatos, mas não participei deles", disse o tenente-coronel, que confirmou o teor das declarações do acordo entregue à Polícia Federal, negando, assim, ter sofrido qualquer tipo de pressão para assiná-lo.
O Supremo Tribunal Federal iniciou nesta segunda-feira as audiências do chamado "núcleo crucial" da trama golpista de 2022 para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após as eleições de outubro daquele ano, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.
Cid foi escolhido para ser o primeiro a se apresentar devido ao acordo de colaboração que assinou com a Polícia Federal. Quanto aos outros sete, eles irão depor em ordem alfabética, de modo que Bolsonaro será o sexto a depor.
O ex-presidente, junto com outras sete pessoas, faz parte do núcleo principal dessa trama, pela qual são acusados de associação criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado de Direito, golpe de Estado e dano ao patrimônio, que culminou com a tentativa de tomada das instituições em 8 de outubro de 2023.
Os ex-ministros Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto, Augusto Heleno Riberio e Anderson Torres, todos exceto generais do Exército, bem como o ex-chefe de inteligência Alexandre Ramagem e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, também devem depor.
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