Lazzarini denuncia o mecanismo de ajuda EUA-Israel como uma "abominação"
MADRID, 21 jun. (EUROPA PRESS) -
O chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), Philippe Lazzarini, advertiu que a agência está à beira da "implosão" devido à falta de financiamento e à pressão dos Estados Unidos e de Israel, cujo mecanismo conjunto atualmente implantado em Gaza não passa de uma "abominação" e de uma "armadilha mortal" para milhares de palestinos que estão expostos aos ataques israelenses que ocorrem desde o início de sua atividade.
A chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF) nada mais é do que uma "abominação que humilha e degrada pessoas desesperadas e uma armadilha mortal que custa mais vidas do que salva", denunciou o chefe da UNRWA enquanto participava da reunião da Organização de Cooperação Islâmica (OIC) sobre Assuntos Estrangeiros em Istambul, Turquia.
As entregas de ajuda da Fundação, espalhadas por toda a Faixa de Gaza, representam o uso de "alimentos como arma de guerra" e "desumanizam os palestinos sem consequência" para, em última análise, representar "o ponto culminante de 20 meses de horror, inação e impunidade" desde o início da ofensiva de Israel em resposta ao ataque da milícia palestina ao país em 7 de outubro de 2023.
Lazzarini continuou abordando a situação crítica enfrentada pela agência, que ficou sem financiamento dos EUA e foi proibida por Israel de operar no país após alegações de ligações com o movimento islâmico Hamas. A investigação externa liderada pela ex-ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, deve ser lembrada, descartou que as autoridades israelenses tivessem apresentado provas de ligações terroristas atribuídas a vários de seus funcionários.
"A situação financeira da UNRWA é grave. Sem financiamento adicional, decisões sem precedentes terão de ser tomadas em breve, o que afetará nossas operações em toda a região", alertou Lazzarini, antes de lembrar que a crise é tão grave que o secretário-geral da ONU, António Guterres, ordenou uma avaliação abrangente da agência para tentar cortar custos "em resposta à possibilidade muito real de que a UNRWA imploda diante de tal adversidade".
"A avaliação estratégica proporá como os direitos dos refugiados palestinos podem ser protegidos em meio à imensa pressão política, financeira e operacional a que a agência está submetida", explicou Lazzarini, antes de fazer um apelo aos países membros da OIC para que apoiem financeiramente a agência e ao Hamas e à Autoridade Palestina para que avancem em seus esforços de integração em um "processo político genuíno" para que a agência "possa transferir seus serviços para instituições públicas capazes e preparadas para atender aos palestinos".
Caso contrário, e "na ausência de uma transição ordenada", a perda dos serviços da UNRWA "só aprofundará o sofrimento e o desespero em toda a Palestina e poderá provocar distúrbios nos países vizinhos, algo que a região não pode permitir, especialmente agora".
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