Publicado 18/11/2025 10:23

Borrell recebe a Grande Estrela da Ordem de Jerusalém por seus esforços em apoio ao povo da Palestina

O ex-ministro das Relações Exteriores lamenta que "os palestinos são as grandes vítimas da história".

O ex-ministro e Alto Representante da UE para Relações Exteriores, Josep Borrell, durante a cerimônia de entrega da Grande Estrela da Ordem de Jerusalém pelo Embaixador da Palestina na Espanha, Husni Abdel Wahed, em 18 de novembro de 2025, em Madri (
Carlos Luján - Europa Press

MADRID, 18 nov. (EUROPA PRESS) -

O ex-ministro das Relações Exteriores da Espanha e ex-alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança Comum, Josep Borrell, foi condecorado com a Grande Estrela da Ordem de Jerusalém na terça-feira por seus esforços internacionais em apoio ao povo da Palestina.

O prêmio, o segundo mais importante concedido pelo Estado da Palestina - depois da Grande Ordem do Estado da Palestina - foi entregue pelo embaixador palestino na Espanha, Husni Abdelwahed, durante uma cerimônia realizada na Casa Árabe, em Madri, na presença do ministro das Relações Exteriores, União Europeia e Cooperação, José Manuel Albares.

Borrell torna-se, assim, o primeiro espanhol a receber um prêmio da Palestina desde que o Primeiro-Ministro, Pedro Sánchez, anunciou em maio de 2024 o reconhecimento do Estado Palestino, em meio à ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza após os ataques de 7 de outubro de 2023, liderados pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

Durante a cerimônia, Abdelwahed enfatizou que aquele era "um dia especial" e elogiou o trabalho de Borrell na "defesa dos valores humanos". "Onde outros preferiram um humanismo seletivo, ele foi capaz de manter a humanidade intacta", disse. "Quando ele deixou o cargo de ministro das Relações Exteriores, muitos palestinos pensaram que havíamos perdido um bom ministro, um amigo da Palestina", disse ele, antes de ressaltar que, no entanto, os palestinos "ganharam um bom representante da política externa da UE".

Ele enfatizou a importância de "construir pontes de entendimento" em um momento em que "as formas de racismo e discriminação estão crescendo constantemente", dentro da estrutura de "uma nova doutrina política internacional" que se baseia em "discriminação", "chantagem" e "insulto".

"A Espanha assumiu a liderança, tanto em nível popular quanto institucional", disse Abdelwahed, que também lembrou as "manifestações maciças" em apoio aos palestinos. "O tempo provou que os líderes espanhóis e o governo espanhol estavam certos", disse o embaixador, que mais uma vez criticou "o genocídio cometido nos últimos dois anos" por Israel.

Nesse sentido, ele reiterou "o compromisso do povo palestino de permanecer firme na defesa de seus valores, que são os valores da humanidade, de permanecer em sua terra, de permanecer resiliente e de seguir em frente, já que "a batalha da humanidade está sendo travada na Palestina". "Não buscamos vingança nem revanche, simplesmente buscamos humanidade para todos, vida para todos", reiterou.

BORRELL CRITICA AS AÇÕES DE ISRAEL

Por sua vez, Borrell - o segundo espanhol a receber um prêmio concedido pela Palestina, depois do então primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero em 2009, quando recebeu a Grande Ordem do Estado da Palestina - enfatizou que "os palestinos são as grandes vítimas da história" e reiterou que "a condenação firme e clara dos ataques terroristas do Hamas não pode justificar a resposta militar que Israel deu e continua a dar".

"Nós, no Ocidente, inventamos a teoria de dar a um povo sem terra uma terra sem povo", apontou Borrell, argumentando que essa posição era "uma falsificação da realidade, já que essa terra tinha um povo". Ele explicou que a "má consciência" após o Holocausto levou os europeus a "buscar um lar nacional para o povo judeu" e "justificar a colonização da Palestina porque não havia povo".

É claro que havia um povo, expulso com uma faca", disse ele, lembrando a "grande tragédia" da "Nakba" em 1948, após a criação do Estado de Israel. Ele lamentou que as resoluções da ONU "não tenham sido capazes de impedir a colonização" e destacou que o texto aprovado na segunda-feira pelo Conselho de Segurança para apoiar a proposta do presidente dos Estados Unidos para Gaza, Donald Trump, "responde a essa lógica colonial".

Ele também criticou as ações dos colonos na Cisjordânia e reiterou que "essa ilegalidade deve ser denunciada, e devemos fazer mais do que apenas denunciá-la". "O discurso de que condenamos e acompanhamos de perto, mas porque eles são amigos não podemos sancioná-los, não resiste mais à lei, nem à lógica, nem ao menor senso de humanidade", observou.

"Os europeus são os campeões mundiais do assassinato em massa, que foi o Holocausto", disse ele. "Hoje somos os campeões de olhar para o outro lado. Esse culto à memória vacila e se desfaz quando a permissividade com o presente obscurece nossa responsabilidade pelo passado. Não podemos afirmar que nunca mais, quando o que perpetramos e posteriormente condenamos está acontecendo hoje", disse Borrell, que argumentou que "uma promessa bíblica não pode superar os princípios do direito internacional" e pediu que "uma solução seja buscada para que naquela terra (...) os dois povos possam se reconhecer, a única base possível para a paz".

Por esse motivo, ele enfatizou que "além do reconhecimento simbólico e diplomático, os estados da UE e da ONU devem assumir um compromisso real para torná-lo realidade, sabendo que hoje o governo de (o primeiro-ministro de Israel, Benjamin) Netanyahu não o quer". "Se alguém não quiser, teremos que encontrar os meios para fazer com que ele queira, e isso significa mais do que apenas palavras", ressaltou. "A UE chegou atrasada para esta reunião, mas ainda há tempo", acrescentou.

ALBARES ELOGIA O TRABALHO DE BORRELL

Albares tomou a palavra para elogiar o trabalho de Borrell e enfatizou que o prêmio que ele está recebendo é "uma alegria dupla, porque vem de um país amigo da Espanha, de um povo amigo", antes de afirmar que essa medalha "reconhece valores que ele encarna perfeitamente e que nos representam como sociedade".

Nesse sentido, ele aplaudiu a posição do ex-ministro "diante de um dos grandes desafios, provavelmente o maior, que a humanidade enfrentou nas últimas décadas", em referência à "catástrofe humanitária que continua ocorrendo em Gaza", e destacou seus "valores de compromisso, humanidade, razão e justiça".

"Esses são valores que sempre valem a pena defender e cuidar", enfatizou Albares, que pediu para "não desistir" ou "se render diante da injustiça", já que "a indiferença sempre trabalha contra as vítimas". "A paz virá", destacou, insistindo que "a paz não virá por si só, temos que nos preparar para ela, temos que buscá-la, temos que trabalhar por ela".

Ele também afirmou que a última resolução da ONU "não é o fim de nada, mas o início de um longo caminho" e pediu que se consiga "o mais rápido possível" que Gaza e a Cisjordânia "estejam unidas" e que "os palestinos estejam no comando e liderem a paz e a reconstrução de seu país", inclusive que todos os territórios palestinos "estejam sob uma única autoridade".

Albares lamentou que os palestinos estejam sofrendo "injustiça" há "décadas" e argumentou que "a UE deve usar todas as alavancas que tem para garantir a paz, os direitos humanos e o direito internacional". "É algo que devemos fazer mesmo que de forma egoísta, por interesse próprio, porque o que somos está em jogo. Isso responde aos valores mais essenciais que deram sentido à nossa união, valores humanistas aos quais não podemos renunciar sem deixar de ser o que somos", enfatizou.

Por essa razão, ele reiterou que a Espanha continuará a "colaborar estreitamente com os parceiros internacionais" para criar um Estado da Palestina "unificado, realista e viável", "com uma saída para o mar em Gaza e uma capital em Jerusalém Oriental", antes de pedir um aumento na ajuda diante da "situação humanitária catastrófica" em Gaza e para enfrentar a "violência impune dos colonos israelenses" na Cisjordânia.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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