Cerca de quatro candidatos à eleição presidencial de 1990 foram assassinados durante a campanha.
MADRID, 9 jun. (EUROPA PRESS) -
O atentado do último fim de semana em Bogotá contra o senador e pré-candidato presidencial Miguel Uribe Turbay reavivou no imaginário coletivo colombiano as lembranças de tempos desastrosos, especialmente nas décadas de 80 e 90, quando a violência e os assassinatos contra líderes políticos eram tão frequentes quanto os cometidos impunemente contra líderes sociais e camponeses.
A história atual da Colômbia pode ser narrada por meio das mortes violentas de vários de seus protagonistas. Antes do início do conflito armado com o surgimento das primeiras guerrilhas na década de 1960, o país passou por uma espécie de guerra civil não declarada que opôs o Partido Conservador ao Partido Liberal por várias décadas, que foram definidas de forma ilustrativa como La Violencia (A Violência).
Entretanto, foi somente no início da década de 1990 que essa dinâmica atingiu seu paroxismo, com o assassinato de até quatro candidatos para as eleições de 1990, em uma época em que os membros e apoiadores da União Patriótica estavam sendo perseguidos e exterminados com a conivência do Estado, como foi reconhecido décadas depois.
Mais de 6.000 pessoas, incluindo ativistas, apoiadores e candidatos da Unión Patriótica - um partido que surgiu após um acordo de paz entre as FARC e o governo em 1985 - foram mortos por grupos armados e pelas forças da lei e da ordem entre as décadas de 1980 e 1990, incluindo alguns desses candidatos, como Jaime Pardo Leal.
Em 1987, teve início esse trágico período marcado por assassinatos, sobretudo de líderes colombianos progressistas e de esquerda, executados pelos cartéis de drogas, que também tinham suas próprias aspirações políticas, especialmente nessas mesmas áreas, tradicionalmente esquecidas pelo Estado.
Dois anos mais tarde, o mesmo destino se abateu sobre Luis Carlos Galán, o principal favorito para as violentas eleições de 1990, após uma campanha marcada por suas veementes denúncias contra as estruturas do crime organizado. Ele foi morto pelos assassinos do Cartel de Medellín, de Pablo Escobar, embora o assassinato tenha sido realizado com a participação de agentes corruptos do Estado e de grupos paramilitares.
É interessante notar que sua cunhada, Maruja Pachón, foi sequestrada com Diana Turbay, mãe de Miguel Uribe, que morreu em 1991 durante a operação de resgate.
Os candidatos de esquerda Bernardo Jaramillo - que assumiu a liderança da União Patriótica após o assassinato de Pardo Leal - e Carlos Pizarro - ex-comandante da guerrilha M-19 - foram os próximos a serem assassinados.
Apenas um mês separou os dois assassinatos. Jaramillo, assim como Miguel Uribe, foi baleado por um menor, enquanto Pizarro foi morto em um avião a caminho de um comício de campanha em Barranquilla. A Colômbia esperaria até 2022, com a chegada de Gustavo Petro, para ter um presidente progressista.
Nas eleições de 1990, marcadas pela violência, o liberal César Gaviria venceu o conservador Álvaro Gómez Hurtado, que foi assassinado cinco anos depois. Foi somente em 2020 que as extintas FARC reconheceram que estavam por trás do ocorrido, embora o acusassem de ser um dos responsáveis pelo conflito armado interno.
Todas essas mortes foram, embora as mais midiáticas, uma pequena parte da violência que assolou a Colômbia durante a década de 1990, com sequestros, assassinatos e atentados a bomba na ordem do dia, muitos dos quais ficaram impunes. Um flagelo que desde então tem assombrado líderes sociais, camponeses, povos indígenas e guerrilheiros arrependidos das FARC.
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