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MADRID 7 nov. (EUROPA PRESS) -
O presidente cessante da Bolívia, Luis Arce, despediu-se de seu cargo na sexta-feira, destacando as conquistas de sua convulsiva administração, marcada por "sabotagem econômica e política", mas também pela divisão do Movimento ao Socialismo (MAS). "Deveríamos ter nos esforçado mais para preservar a unidade", admitiu ele, criticando também o ex-presidente Evo Morales.
"Do ponto de vista político, estou convencido de que não houve erro maior por parte de todos os atores do que a divisão do instrumento político, a divisão do MAS", disse ele da Casa Grande del Pueblo - sede do governo e residência presidencial - cercado por seu gabinete.
"Poucas vezes em nossa história vimos o declínio de um processo social tão profundo quanto o nosso", lamentou Arce, para quem as disputas se agravaram a ponto de "dar um golpe muito duro na moral e no ânimo" das bases e do eleitorado, como mostram os resultados das eleições deste ano.
Arce enfatizou que "o processo de mudança foi ferido mortalmente" e acredita que "se as diferenças tivessem sido resolvidas a tempo", o resultado eleitoral poderia ter sido diferente. Nesse sentido, ele reprovou o ex-presidente Morales por seu papel nessa crise interna do MAS e por seu desejo veemente pelo poder.
"Ele não se vê em outro espaço que não seja a cadeira presidencial", reclamou Arce, alertando que Morales fará o mesmo "com qualquer adversário político porque, dessa forma, ele quer que o povo anseie por ele como o salvador da Bolívia".
"Ele nunca tolerou que eu não fosse um fantoche, nem tolerou que surgissem novos líderes e que o MAS se tornasse democrático", acusou o iminente ex-presidente da Bolívia, para quem a postura de Morales não só teve "consequências terríveis" para o partido, mas também para a paz social e a economia do país.
Ele disse que a bancada pró-Morales se aliou aos deputados da Assembleia Legislativa para votar contra medidas que teriam aliviado a situação de muitos setores. "Eles frearam projetos como o da não aplicabilidade da prescrição de crimes sexuais contra menores", destacou.
Arce lamentou que as disputas tenham ofuscado os "feitos reais" que foram realizados para elevar o padrão de vida dos bolivianos, embora tenha reconhecido que a crise causada pela falta de dólares e combustível levou a "uma desaceleração notável na atividade econômica".
No entanto, ele enfatizou que a Bolívia não tem atrasos no pagamento de sua dívida externa, o que facilitará o gerenciamento do financiamento externo prometido pelo novo governo de Rodrigo Paz, a quem ele desejou sucesso como presidente do país, a um dia de assumir o cargo, rompendo assim com duas décadas de poder do MAS.
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