Frederic Sierakowski/EU Council/ DPA - Arquivo
Ele apresenta os 20 pontos do documento, que ele descreve como a "estrutura política" para acabar com a guerra.
Ele expressou sua disposição de criar uma zona desmilitarizada no leste do país.
MADRID, 24 dez. (EUROPA PRESS) -
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, revelou nesta quarta-feira os detalhes do projeto de plano de paz elaborado com os Estados Unidos para acabar com a guerra e que abre a porta para a retirada das tropas ucranianas posicionadas na região de Donbas, uma oferta que ele condiciona à Rússia "fazer o mesmo" com suas forças posicionadas na área.
O presidente, que indicou durante uma coletiva de imprensa que o documento é uma "estrutura política" com 20 pontos, destacou que ele tem o apoio dos Estados Unidos e já foi enviado a Moscou, aguardando uma resposta.
"Estou pronto para falar sobre o rascunho, um documento básico sobre o fim da guerra, uma estrutura política entre nós, os Estados Unidos, a Europa e os russos", disse ele, de acordo com a agência de notícias ucraniana Ukrinform.
Nesse sentido, ele afirmou que o texto "reflete a posição conjunta entre a Ucrânia e os Estados Unidos", embora "algumas questões ainda precisem ser resolvidas". "Estamos agora muito mais perto de finalizar esses documentos", disse ele.
Zelenski, que explicou que o conteúdo poderia mudar durante as negociações, destacou que "a soberania da Ucrânia deve ser reafirmada" e enfatizou que "para apoiar a paz a longo prazo, um mecanismo para monitorar a linha de contato será estabelecido usando sistemas não tripulados para garantir o alerta precoce de possíveis violações da trégua".
"A Ucrânia receberá garantias firmes de segurança e seu exército será permanentemente tripulado por 800.000 soldados em tempos de paz (...) Ela se tornará membro da União Europeia em algum momento e receberá acesso privilegiado de curto prazo ao mercado europeu", disse o presidente, que passou a ler o conteúdo do projeto com o qual ele busca pôr fim à invasão russa do território.
Ele garantiu que a Ucrânia permaneceria como um estado livre de armas nucleares, de acordo com as disposições do Tratado de Não Proliferação Nuclear, e especificou que a usina nuclear de Zaporiyia seria administrada em conjunto pelos três países: Ucrânia, Rússia e Estados Unidos.
Os detalhes do último, disse ele, "ainda estão sujeitos a conversações", já que Kiev "não tem intenção de fazer negócios diretamente com a Rússia, afinal", como ele deixou claro.
"Ambos os países estão comprometidos com a implementação de programas educacionais nas escolas para promover a compreensão e a tolerância entre diferentes culturas e para eliminar o racismo e o preconceito. A Ucrânia implementará os padrões da UE sobre tolerância religiosa e proteção de idiomas minoritários", disse ele.
SITUAÇÃO NO DONBASS
Com relação às questões territoriais, Zelenski colocou duas opções sobre a mesa. A primeira é "permanecer firme" nas províncias de Donetsk, Lugansk, Zaporiyia e Kherson, estabelecendo a "linha de contato reconhecida de fato" com base no atual posicionamento das tropas no local. "Essa linha", enfatizou ele, "será controlada por forças internacionais".
Entretanto, a segunda opção abre a porta pela primeira vez para a retirada de suas tropas do Donbas, somente se "a Rússia fizer o mesmo". "A opção dois prevê a criação de uma possível zona de livre comércio no Donbas, o que implica sua desmilitarização", disse ele.
"A Ucrânia se opõe à retirada de suas tropas, mas se isso acontecer, ela defende uma retirada exatamente igual das forças russas nas áreas que controla. Essa opção requer um referendo nacional na Ucrânia para ratificar o acordo", disse ele, argumentando que essa questão - uma das mais divisivas nos contatos entre os lados - poderia ser resolvida "em última instância e no mais alto nível".
Além disso, o texto enfatiza que, após o fim da invasão, que agora se aproxima de seu quarto ano, "a Rússia não impedirá que a Ucrânia acesse o rio Dnieper ou o Mar Negro para fins comerciais, para os quais será assinado um acordo marítimo e de acesso separado, regulando a liberdade de navegação e tráfego". Como parte desse acordo, o Kinburn Spit será desmilitarizado", especificou.
Por fim, ele pede a criação de um "comitê humanitário para resolver questões pendentes", incluindo a troca de "todos os prisioneiros de guerra restantes, incluindo aqueles condenados desde 2014 na Rússia, bem como o retorno de todos os civis detidos e reféns, incluindo crianças e prisioneiros políticos".
"Assim que todas as partes derem o aval, um cessar-fogo entrará em vigor imediatamente. A Ucrânia terá que realizar eleições o mais rápido possível após a assinatura", concluiu.
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