MADRID 3 jul. (EUROPA PRESS) -
A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira o "grande e belo projeto de lei" do presidente Donald Trump, depois de dias de incerteza sobre se iria adiante, que consiste em um pacote fiscal que acrescentará 3,3 bilhões de dólares (2,8 bilhões de euros) ao déficit em 10 anos, segundo estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso.
A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei na véspera do Dia da Independência com 218 votos a favor e 214 contra. Assim como aconteceu no Senado, onde três republicanos se rebelaram contra a medida, nessa ocasião houve dois legisladores conservadores que romperam com a disciplina partidária. Especificamente, Thomas Massie, do Kentucky, e Brian Fitzpatrick, da Pensilvânia.
O projeto de lei reduzirá os impostos e aumentará os gastos com as forças armadas e a fiscalização da imigração, mas reduzirá a assistência médica. Além disso, espera-se que quase doze milhões de pessoas fiquem sem plano de saúde até 2034.
Nesse sentido, os cortes nos programas federais de saúde, como o Medicaid, estão no centro da controvérsia e têm sido uma fonte de atrito dentro do próprio Partido Republicano.
Esse é o primeiro grande sucesso legislativo de seu segundo mandato, e está dentro do cronograma. O Presidente Trump estabeleceu o prazo de 4 de julho, dia em que os Estados Unidos comemoram sua independência, e espera-se que ele assine o projeto de lei em uma cerimônia na Casa Branca nesta sexta-feira.
Até mesmo o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, reconheceu, após a aprovação do Congresso, que duvidava que a norma estaria pronta para o dia 4 de julho, como admitiu em X. "Agora conseguimos cortes significativos de impostos e os recursos necessários para proteger a fronteira", comemorou.
Trump vem enfrentando uma pressão significativa de dentro de setores do Partido Republicano, que continua desaprovando esse projeto de lei orçamentária por causa do grande aumento do déficit, mas também por causa dos cortes significativos que serão feitos em políticas sociais fundamentais para milhões de famílias.
No final, o controle férreo de Trump sobre o Partido Republicano, que ele engoliu quando entrou na política americana, prevaleceu. Espera-se agora que ele comemore o triunfo durante um evento na noite desta quinta-feira em Iowa.
A sessão também foi marcada pelo discurso de 8 horas e 45 minutos do líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, para atrasar simbolicamente a aprovação. O democrata bateu o recorde mantido pelo republicano Kevin McCarthy desde 2021.
Jeffries usou seu "minuto mágico" para relatar como a política de cortes que a Administração Trump aplicará deixará muitos de seus compatriotas sem acesso ao Medicaid, ou ao SNAP, por exemplo, programa de seguro saúde e assistência alimentar para pessoas de baixa renda, respectivamente.
CRÍTICA DO FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia criticado o projeto de lei de Trump na quinta-feira, dizendo que seu desenho vai contra as recomendações da organização para os Estados Unidos.
"Para o FMI, temos sido consistentes em afirmar que os Estados Unidos precisarão reduzir seu déficit fiscal [...] para colocar a dívida pública em relação ao PIB em uma trajetória claramente decrescente", explicou a porta-voz do FMI, Julie Kozack, em uma coletiva de imprensa.
A representante do organismo multilateral lembrou que Washington deveria aumentar os impostos, inclusive sobre a classe média, a fim de reduzir o déficit orçamentário para níveis mais administráveis, o oposto do que é coberto pelo regulamento em questão.
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