BRUXELAS 1 dez. (EUROPA PRESS) -
A Alta Representante da União Europeia para Política Externa, Kaja Kallas, defendeu novamente nesta segunda-feira o uso de ativos russos congelados na Europa para um empréstimo destinado a sustentar a Ucrânia nos próximos anos, ressaltando que essa medida fortalece a posição de Kiev e da Europa nas negociações de paz lideradas pelos Estados Unidos.
Em resposta às dúvidas persistentes do primeiro-ministro belga Bart de Wever, que disse em uma carta com palavras fortes que tal medida não apenas "violaria" a lei internacional, mas também poderia prejudicar os esforços para um acordo de paz, Kallas argumentou que o uso de ativos russos em benefício da Ucrânia "certamente fortalecerá a posição da Europa em relação a Moscou".
"Precisamos seguir em frente com isso. Está claro que a Rússia deve pagar reparações pelos danos que causou à Ucrânia, e o empréstimo de reparações baseado nos ativos soberanos congelados da Rússia é a base certa", disse ele em uma coletiva de imprensa no final de uma reunião dos ministros da defesa da UE em Bruxelas sobre como manter o apoio de longo prazo a Kiev.
De acordo com o chefe da diplomacia europeia, essa medida é a maneira mais viável de apoiar Kiev e "fortalece a capacidade de pressão europeia sobre a Rússia". "Precisamos trabalhar nisso, na proposta legislativa para mitigar todos os riscos e assumir o ônus desses riscos", disse ela, insistindo que essa opção não é o que o Kremlin deseja.
Desta forma, a Alta Representante defendeu que os ativos soberanos imobilizados na Europa devem ser a "base" para o pagamento de reparações de guerra à Ucrânia, pelo que o trabalho da UE deve ser "fazer tudo o que for possível para apoiar a vítima e não para premiar o agressor".
"O objetivo é alcançar uma paz duradoura, não um pacto que deixe a porta aberta para outra guerra", disse ele, ressaltando que o apoio europeu deve incluir a busca de financiamento sólido para a Ucrânia nos próximos dois anos, já que Kiev estima que precisará de 70 bilhões para manter seu exército, mesmo que a guerra seja suspensa com um cessar-fogo.
Essas declarações ocorrem em um momento em que cerca de 20 estados-membros são a favor do uso de ativos russos congelados na Europa, enquanto a Bélgica mantém suas reservas e outro grupo de países ainda não apoia a medida.
A UCRÂNIA NÃO DEVE FAZER MAIS CONCESSÕES PARA ALCANÇAR A PAZ
Enquanto o enviado dos EUA Steve Witkoff viaja a Moscou para se reunir com o presidente russo Vladimir Putin, o Alto Representante insistiu que a Ucrânia não deve fazer mais concessões para alcançar a paz, insistindo que as concessões são prejudiciais à "segurança global".
"Temo que toda a pressão seja colocada no lado fraco, porque essa é a maneira mais fácil de acabar com a guerra, que a Ucrânia se renda", argumentou o ex-primeiro-ministro da Estônia, sobre o progresso das negociações lideradas pelos EUA.
Nesse sentido, Kallas advertiu que as concessões ucranianas "não são do interesse de ninguém", a começar pela Ucrânia ou pela UE, mas também pela "segurança global", alertando que um acordo ruim na Ucrânia prejudicará os princípios da Carta das Nações Unidas, que consagra a integridade territorial e a soberania dos países.
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