O presidente da Suprema Corte critica a decisão do juiz de anular a acusação contra o ex-presidente.
Morales afirma que "depois de muito tempo" ele sente que a justiça está chegando
MADRID, 1 maio (EUROPA PRESS) -
Um juiz da cidade de Santa Cruz anulou, na quarta-feira, a acusação e o mandado de prisão contra o ex-presidente boliviano Evo Morales por tráfico de pessoas, a poucos meses das eleições presidenciais, às quais ele pretende concorrer.
"Ele pode sair e circular livremente pelo território nacional e se deslocar para qualquer lugar do planeta que desejar, já que seus direitos constitucionais acabam de ser restaurados. A justiça foi feita", comemorou seu advogado, Jorge Pérez, conforme relatado pelo jornal 'El Deber'.
A ordem da juíza Lilian Moreno, no entanto, ordenou que o processo continuasse na jurisdição de Cochabamba, um bastião político e social onde ele tem o apoio incondicional de dezenas de organizações sindicais e camponesas.
Depois disso, o presidente da Suprema Corte de Justiça, Romer Saucedo, questionou a decisão judicial de anular o mandado de prisão contra Morales: "Não compartilhamos a posição de juízes que permitem que cidadãos processados por pedofilia façam pouco da justiça. Em primeiro lugar, nossas crianças", disse ele em seu perfil na rede social X.
Na mesma linha, o presidente do Conselho da Magistratura, Manuel Baptista, anunciou a abertura de uma investigação contra o juiz, afirmando que o órgão "será categórico quando uma autoridade jurisdicional fugir ao cumprimento da lei".
"Se essa decisão judicial foi contra a lei, tenha certeza de que esse funcionário judicial será sancionado de acordo com nossos regulamentos", acrescentou em declarações à mídia local.
Por sua vez, Morales disse que "depois de muito tempo" ele sente que a justiça chegou. "A luta incansável, junto com o povo, pela verdade e por nossos direitos, sempre dá bons frutos", declarou.
"Em vez de acompanhar e aplaudir os administradores da justiça que apenas aplicam as leis, as mais altas autoridades judiciais prevaricam, não respeitam a independência dos juízes e antecipam, por meio da imprensa, sanções e sentenças", criticou.
A anulação ocorre depois que a promotoria da cidade de Tarija acusou formalmente Morales em dezembro de 2024. O ex-presidente boliviano se recusou a testemunhar no caso, então a promotora, Sandra Gutiérrez, emitiu um mandado de prisão contra ele.
De acordo com a acusação, Morales é acusado de tráfico humano agravado por supostos atos que cometeu em 2015 - quando era presidente do país - por ter um relacionamento com uma menina de 15 anos que deu à luz uma menina.
Embora Morales pretenda participar das eleições, o Tribunal Constitucional da Bolívia o desqualificou para participar, pois a presidência do país só pode ser exercida por dois mandatos, contínuos ou não.
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