"Nada pode reparar os anos de injustiça, abuso, trauma e maus-tratos que ele sofreu atrás das grades", diz a AI
Seu advogado afirma que ele foi colocado em prisão domiciliar até domingo.
MADRID, 10 abr. (EUROPA PRESS) -
A assessoria de imprensa dos prisioneiros palestinos sob o controle do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) informou nesta quinta-feira que as autoridades israelenses libertaram Ahmed Manasra, um homem de 23 anos condenado à prisão há quase uma década por supostamente ter esfaqueado dois israelenses ao norte de Jerusalém.
Os fatos ocorreram em outubro de 2015, no início da chamada Intifada das Facas, quando Manasra e seu primo de 15 anos supostamente esfaquearam dois israelenses, um dos quais também era menor de idade. O primo de Manasra foi morto e Manasra foi ferido por tiros disparados por um civil israelense.
De acordo com as autoridades de Gaza, Manasra estava programado para ser libertado diretamente da prisão de Nafha, onde sua família o aguardava, mas acabou sendo transferido pelas forças israelenses para as proximidades da cidade de Beersheba, cerca de 60 quilômetros ao norte da prisão.
Mais tarde, seu advogado reclamou que as autoridades israelenses o colocaram em prisão domiciliar até domingo e impediram que sua família comemorasse sua libertação, de acordo com a Al Jazeera, do Catar.
"ANOS DE INJUSTIÇA
A diretora regional da Anistia Internacional (AI) para o Oriente Médio e Norte da África, Heba Morayef, saudou a libertação, mas ressaltou que "nada pode reparar os anos de injustiça, abuso, trauma e maus-tratos que ele sofreu atrás das grades".
"Expressamos nossa mais profunda esperança de que ele se recupere do profundo trauma que sofreu. Ele deve ter acesso adequado aos cuidados médicos de que necessita em sua terra natal, Jerusalém Oriental, sem discriminação, e ele e sua família devem ser protegidos de todas as formas de intimidação e abuso", afirmou.
O Morayef disse que os "terríveis maus-tratos" de Manasra e a "crueldade" das autoridades prisionais, bem como do sistema judicial israelense, "ilustram" a existência de "padrões mais amplos de abuso contra os detentos palestinos, especialmente crianças".
"Há três semanas, Walid Khaled Abdullah Ahmed, um detento palestino de 17 anos, morreu sob custódia israelense, provavelmente devido a uma combinação de fome, negligência médica extrema e abuso, conforme evidenciado por sua autópsia", disse em um comunicado.
Manasra passou um total de nove anos e meio na prisão por acusações que sempre foram duvidosas, já que até mesmo os tribunais consideraram que ele não estava envolvido nos esfaqueamentos. Após sua prisão, o adolescente foi interrogado sob ameaça, sem a presença de um advogado ou de seus pais.
Organizações como a AI já denunciaram sua prisão, seu posterior isolamento por quase dois anos e a tortura a que foi submetido na prisão, o que lhe causou sérios distúrbios psiquiátricos, como esquizofrenia ou surtos psicóticos.
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