O governo aponta para transferências de "grandes" somas de dinheiro para contas privadas e "projetos fantasmas" e aponta para uma perda de mais de 44 milhões de euros para o Estado.
MADRID, 11 dez. (EUROPA PRESS) -
O ex-presidente da Bolívia Luis Arce foi preso na quarta-feira como parte de uma investigação sobre o suposto desvio de capital do Fundo Indígena no período em que ele era ministro da Economia, informou o Ministério Público do país.
O procurador-geral, Roger Mariaca, disse em uma entrevista coletiva que a prisão do líder do Movimento ao Socialismo (MAS) se deve aos "indícios de participação no ato, ao perigo de fuga e ao perigo de obstrução que pode haver por parte dele contra os outros réus ou contra o presente processo criminal".
O magistrado confirmou que Arce é acusado de "supostos crimes de violação de deveres e conduta antieconômica", mas especificou que "não estamos falando de eventos que poderiam ter acontecido" enquanto ele era presidente do país. "Estamos falando de supostos atos de corrupção (...) não apenas pela pessoa que foi acusada (...), mas também porque outras pessoas também estiveram envolvidas na mesma atividade", disse ele.
Mariaca defendeu que a prisão de Arce "não se trata de perseguição ou de um ato político", mas sim que o Ministério Público "está fazendo seu trabalho porque a Constituição diz que o Ministério Público é quem lidera uma investigação".
Por sua vez, o ministro do Governo, Marco Antonio Oviedo, destacou que as acusações pelas quais Arce está sendo investigado "remontam à época em que ele era ministro", cargo que ocupou de 2006 a 2017 e, posteriormente, entre janeiro e novembro de 2019, durante o mandato de Evo Morales.
Em declarações relatadas pelo jornal 'El Deber', o ministro detalhou que os supostos crimes atribuídos ao ex-presidente são enriquecimento ilícito, resoluções contrárias à Constituição e às leis, violação de deveres, uso indevido de influência e conduta antieconômica.
Segundo ele, durante seu mandato "foi autorizada a transferência de grandes somas de dinheiro para contas privadas e foram aprovados projetos fantasmas" financiados com recursos do Fundo de Desenvolvimento Agrícola e Camponês Indígena (Fondioc). "Tudo isso contribuiu para a crise econômica que vivemos hoje", disse ele, apontando para uma perda de cerca de 360 milhões de bolivianos (cerca de 44,5 milhões de euros).
Oviedo enfatizou que "a ordem para combater a corrupção vem do presidente Rodrigo Paz", sucessor de Arce após sua vitória eleitoral no final de outubro, e prometeu que "não vamos parar até encontrarmos todos os responsáveis pelo desastre econômico que o país está vivendo".
O atual vice-presidente, Edmand Lara, também comentou sobre a prisão de Arce em um vídeo curto publicado nas redes sociais, no qual parabenizou os agentes que executaram o mandado de prisão. "Já havíamos dito uma vez, Luis Arce vai ser o primeiro a ir para a cadeia. Todos aqueles que roubaram este país vão devolver cada centavo e serão levados à justiça. Viva a pátria e que morram os corruptos", declarou.
A notícia foi divulgada quando a ex-ministra da Presidência durante o governo de Arce, María Nela Prada, denunciou o "sequestro totalmente ilegal" do ex-presidente "em Sopocachi, um bairro da cidade de La Paz".
Em um vídeo publicado em seu perfil na rede social X, Prada explicou que estava a caminho da sede da Força Especial contra o Crime (FELCC), uma unidade especializada da polícia boliviana, para onde o ex-chefe de Estado do país latino-americano teria sido levado.
"Neste momento, estou indo para lá, para ver se ele está sendo mantido lá de forma totalmente ilegal", disse, insistindo que ele havia sido detido quando "estava sozinho".
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