Publicado 10/06/2025 01:49

AMP - Califórnia denuncia Trump por causa do destacamento "ilegal" e "incendiário" da Guarda Nacional em Los Angeles

O governador Newsom pede a Trump que abandone o "absurdo" e brinque de ser presidente ou "finja"

Os protestos "estavam praticamente dissipados" no domingo, mas o anúncio da mobilização da Guarda Nacional os reavivou

MADRID, 10 jun. (EUROPA PRESS) -

O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, anunciou nesta segunda-feira que apresentará uma denúncia contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, pelo destacamento "ilegal" e "incendiário" da Guarda Nacional em Los Angeles.

Bonta explicou que o envio de tropas para a cidade é uma violação da Décima Emenda da Constituição, que determina os limites dos poderes federais.

"No início da manhã de domingo, o presidente Trump e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, federalizaram ilegalmente 2.000 militares da Guarda Nacional da Califórnia por 60 dias (...). Eles fizeram isso sem a autorização do governador Newsom e contra a vontade das autoridades policiais", explicou.

Bonta disse que a mobilização militar era "desnecessária, contraproducente e, acima de tudo, ilegal". "A federalização da Guarda Nacional da Califórnia é um abuso da autoridade do presidente nos termos da lei e não é algo que tomamos de ânimo leve", acrescentou o procurador-geral.

Antes de recorrer às forças armadas, "várias medidas racionais, de bom senso e estratégicas poderiam ter sido tomadas para acabar com os tumultos e evitar uma escalada".

No domingo, 300 militares chegaram à área de Los Angeles, mas o Comando Norte do Exército dos EUA confirmou na segunda-feira a presença de 1.700 soldados no local.

Bonta disse que os protestos "estavam quase se dissipando" quando os militares chegaram no domingo. "Desde que Trump anunciou seu plano de enviar tropas, a situação se agravou rapidamente com protestos durante a noite, (com) fechamento de autoestradas e pessoas em perigo", lamentou.

"Nunca saberemos o que teria acontecido se o presidente tivesse deixado as autoridades estaduais e locais continuarem com seu importante trabalho, que já estavam fazendo e que são mais do que capazes de fazer", argumentou.

Bonta lembrou que existe apenas um precedente para a federalização da Guarda Nacional, que foi há 55 anos, durante o mandato de Richard Nixon, quando ele mobilizou os militares para facilitar a entrega de correspondências durante uma greve dos correios.

O promotor da Califórnia explicou que essa é a 24ª ação judicial da Califórnia movida contra o presidente em 19 semanas. "Ele tem que ir ao tribunal e ser responsabilizado", disse ele. Trump "tem que se olhar no espelho e assumir que ele é o ator ilegal", reiterou.

Ele também defendeu o trabalho do governador da Califórnia, Gavin Newsom, que está ameaçado de prisão pelas autoridades federais, e revelou que o próprio Newsom pediu a Hegseth que cancelasse o envio de tropas e devolvesse o controle ao estado. "O pedido foi ignorado", disse ele.

"As autoridades estaduais e locais são as mais adequadas para avaliar as necessidades de recursos, salvaguardar a vida e a propriedade", explicou a carta. "A decisão de enviar a Guarda Nacional sem o treinamento e as ordens adequadas pode levar a um sério agravamento da situação", advertiu.

AVISO AOS VIOLENTOS

Bonta também se dirigiu aos responsáveis pelos incidentes violentos: "Minha mensagem para eles é que não se envolvam em atividades ilegais". "Cumpram a lei. Se não cumprirem a lei, nós os encontraremos, iremos atrás de vocês e vocês serão responsabilizados, como já sabem aqueles que foram presos", disse ele.

De qualquer forma, ele enfatizou que "a grande maioria das pessoas que participaram dos protestos foi pacífica e legal". "Manifestar-se pacificamente contra uma injustiça ou contra algo em que não acreditamos" é "um direito básico e fundamental dos Estados Unidos da América", argumentou. Os violentos "parecem ser membros de grupos externos, sem relação com a questão principal contra a qual se protestava".

Por fim, ele enfatizou a prontidão das forças de segurança de Los Angeles, que têm os recursos necessários e que somente se eles estiverem esgotados é que seria apropriado chamar a Guarda Nacional.

NEWSOM PARA TRUMP: "AJA COMO UM PRESIDENTE OU FINJA".

O governador da Califórnia confirmou em sua conta no X a apresentação da ação judicial contra o governo dos EUA, que ele acusou de ter "intensificado o caos e a violência em Los Angeles" e reiterou seu pedido para que ele resolva "esse problema imediatamente (e) anule a ordem".

Nesse sentido, Newsom pediu a Trump e Hegseth que revogassem essa medida "absurda, ilegal e imoral". "Que nossos militares voltem para casa", declarou em uma entrevista ao site MeidasTouch News, na qual denunciou que eles "estão sendo usados como peões".

Em uma mensagem para o ocupante da Casa Branca, ele o convidou a "mostrar alguma decência, alguma humanidade". "Mais importante ainda, aja como o comandante-chefe. Se você quer ser presidente, é melhor que faça o papel de presidente. Pelo menos finja, faça a coisa certa, afaste-se, e nós limparemos sua bagunça", acrescentou.

Newsom também disse que "as pessoas estão com medo de andar nas ruas", em referência às ações do Immigration and Customs Enforcement (ICE) que provocaram os protestos, e admitiu que "não (acreditava) nisso".

"Eu realmente pensei que isso não era verdade, mas depois vi vídeos, eles estão fazendo controles, verificando as identidades das pessoas. Nunca vimos esse tipo de ação. Está havendo pânico em massa aqui no maior condado do país, no maior estado do país", disse ele, antes de denunciar a perseguição a "pessoas boas, trabalhadoras e decentes". "Estes não são os criminosos. Estes não são os bandidos", acrescentou.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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