Publicado 14/04/2025 18:54

Albares rejeita a retaliação de Trump pela viagem à China e defende a Espanha como um país "soberano"

O Ministro das Relações Exteriores, União Europeia e Cooperação, José Manuel Albares, durante uma coletiva de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, no Palácio La Moncloa, em 1º de abril de 2025, em Madri (Espanha). O Conselho de Ministros
Eduardo Parra - Europa Press

"Aquele que começou esta guerra acaba de nos dizer tacitamente que não quer um cessar-fogo", diz ele sobre Putin e o ataque a Sumi.

MADRID, 14 abr. (EUROPA PRESS) -

O ministro das Relações Exteriores, União Europeia e Cooperação, José Manuel Albares, indicou que não teme represálias contra o governo da Espanha por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como resultado da viagem à China do chefe do Executivo, Pedro Sánchez.

"A Espanha é um país soberano, com uma política externa com identidade própria, que é coerente, que age sempre de acordo com os mesmos princípios e que é sempre guiada pela defesa dos interesses do povo espanhol e pela projeção de seus valores", disse ele na segunda-feira em uma entrevista no programa 'La noche en 24 horas' da TVE, relatado pela Europa Press.

Foi o que ele disse depois que o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, criticou a ideia de que a Europa deveria buscar um maior alinhamento com a China diante da mudança nas políticas comerciais dos EUA, que ele atribuiu a representantes espanhóis, apontando que "isso seria cortar a própria garganta" e descrevendo-a como "uma aposta perdida para os europeus".

Nesse sentido, e perguntado se teme que Trump faça algum tipo de retaliação contra a Espanha, o ministro respondeu que "de forma alguma", argumentando que "pode-se viajar ou não viajar para qualquer país do planeta": "A única razão pela qual não se deve fazer isso ou não fazer isso é porque um terceiro pede ou solicita".

"FIZEMOS A COISA CERTA".

Também questionado sobre a reunião que o Ministro da Economia, Comércio e Empresa, Carlos Cuerpo, planejou com Bessent, após as declarações do Secretário dos EUA, Albares defendeu que o Governo fez "a coisa certa" com relação à viagem ao país asiático.

"Fizemos a coisa certa, da mesma forma que dialogar com Washington, que é nosso aliado histórico natural, e o vínculo transatlântico é um vínculo único que queremos manter e fortalecer, embora para que isso aconteça, obviamente, também precisamos do outro lado", disse ele.

Com isso, ele observou que Bessent "decide em nome do governo dos EUA o que ele considera ser do melhor interesse de seus cidadãos" e "o governo espanhol decide soberana e autonomamente o que é melhor para os interesses nacionais e europeus".

Posteriormente, o chefe da diplomacia espanhola enfatizou a "cordialidade" em seu relacionamento com o Secretário de Estado dos EUA, Marcos Rubio. "Não vejo nenhuma indicação de que essa boa harmonia vá mudar", reiterou.

Sobre as críticas do PP à "adequação" da viagem à China, Albares lamentou a falta de "oposição estatal" por parte dos 'populares', que sempre "escolhem" desgastar o governo também em questões de política externa. Assim, ele ironizou o fato de os ex-presidentes do PP terem viajado para a China "sem nenhuma dificuldade" e com "comentários extremamente elogiosos sobre o trabalho que estavam fazendo e a oportunidade dessa viagem".

PUTIN NÃO QUER UM CESSAR-FOGO

Questionado sobre a guerra na Ucrânia, o ministro reprovou o presidente russo Vladimir Putin por ter respondido à oferta de cessar-fogo "incondicional" colocada sobre a mesa por Zelenski "com dois mísseis balísticos apontados exclusivamente" para civis em Sumi, o que ele descreveu como um "crime de guerra".

"Aquele que começou esta guerra, que continua esta guerra, acaba de nos dizer tacitamente que não quer um cessar-fogo", disse Albares, assegurando que ficou "muito mais claro" quem quer a paz, que são os ucranianos. Por isso, ele defendeu que a União Europeia deve continuar ajudando a Ucrânia "pelo tempo que for necessário para alcançar a paz, que deve ser justa e duradoura", porque "ela está intimamente relacionada à segurança coletiva da Europa".

Nesse contexto, Albares reiterou que o governo ucraniano não está pedindo tropas para a guerra. "Eles nunca pediram tropas, não estão pedindo tropas no momento. O que eles estão pedindo é equipamento militar para manter a defesa de sua liberdade, de sua democracia, dos civis, que são alvos militares", disse ele.

AÇÃO EM FACE DA ORBAN

Questionado sobre a emenda constitucional promovida pelo presidente húngaro, Viktor Orbán, que reduz os direitos LGBTI, Albares afirmou que essas decisões são "totalmente incompatíveis" com os valores europeus e com a defesa da diversidade, que "faz parte da essência da Europa".

Por esse motivo, ele enfatizou que a Europa "tem que agir", algo que, explicou, tanto a Comissão Europeia quanto a Espanha já estão fazendo. Questionado sobre as medidas que Bruxelas poderia tomar contra Orbán, o ministro disse que caberia à Comissão decidir, mas que poderia começar "com uma sanção econômica e o bloqueio de certos fundos". "Não podemos tolerar um único passo para trás em termos de igualdade, diversidade e direitos", enfatizou.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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