MADRID 31 out. (EUROPA PRESS) -
O ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, inaugurou nesta sexta-feira a grande exposição de arte das mulheres indígenas mexicanas 'Metade do mundo. Mulheres no México", assegurando que houve "dor e injustiça contra os povos nativos" do país, algo que faz parte da "história compartilhada" que não pode ser negada ou esquecida.
"Como toda história humana, ela tem seus claros-escuros. Houve dor e injustiça contra os povos nativos. Houve injustiça, e é correto reconhecê-la e lamentá-la. Isso faz parte da nossa história compartilhada, não podemos negá-la nem esquecê-la", disse Albares em um evento que contou com a presença de Luis García Montero, diretor do Instituto Cervantes - um dos locais que abrigam essa grande exposição - e do embaixador mexicano na Espanha, Quirino Ordaz Coppel, entre outros.
Foi assim que o ministro se expressou depois que a presidente do México, Claudia Sheinbaum, declarou na segunda-feira que seu governo ainda aguarda o perdão da Espanha pelo passado colonial que seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador, escreveu ao rei Felipe VI em uma carta, o que causou vários confrontos entre os dois países.
A exposição 'Half the World. La mujer en el México indígena", que reúne 435 peças emprestadas pelo governo de Sheinbaum, está dividida em quatro locais em Madri: a Casa de México en España, o Museo Nacional Thyssen-Bornemisza, o Museo Arqueológico Nacional (MAN) e o Instituto Cervantes. Conforme explicou o curador, as peças variam desde o ano 1.400 a.C. -O curador explicou que as peças vão desde o ano 1.400 a.C. - no caso de algumas figuras da cultura olmeca - até o século XXI - alguns dos tecidos expostos no Cervantes. "O interessante é que estamos tentando representar 30 séculos de povos indígenas do México", disse ela.
"AS MULHERES PERMITEM A CONTINUIDADE DESSA RIQUEZA ANCESTRAL".
Romero explicou durante um tour pelos diferentes locais com a mídia que o objetivo é mostrar e reivindicar as mulheres nas culturas indígenas mexicanas, já que são elas que carregam as tradições indígenas, permitindo que elas continuem. No entanto, ela reconhece que não pretendem mostrar "tudo", principalmente porque, no momento, não se sabe ao certo quantos povos indígenas havia na região durante a era pré-hispânica. "No momento, há 74 povos e 68 idiomas nacionais, além do espanhol", acrescentou.
"Queríamos encontrar pontos em comum entre esses universos vivos e as continuidades atuais. Parte do que queríamos mostrar são as semelhanças entre a geografia e o tempo. Algo que é importante saber é que as culturas indígenas do México não são culturas arqueológicas ou algo do passado: os povos indígenas atuais são os herdeiros. Eles não fazem mais pirâmides, mas o pensamento e a sabedoria ancestrais continuam. É importante valorizar os herdeiros dessa riqueza ancestral e, acima de tudo, as mulheres, valorizá-las e reivindicá-las em todo esse contexto social", concluiu.
Assim, no primeiro dos espaços, a Casa de México, as peças em exposição estão relacionadas à esfera divina da mulher nas culturas maia, huasteca e mexicana, entre outras. Nessas culturas, as mulheres estão ligadas à água ou à noite, e os aspectos femininos são continuamente representados na arte, seja em figuras, mosaicos ou tecidos.
"A esfera divina nos dará essa abordagem básica da cosmovisão dos povos indígenas, que têm culturas ancestrais que continuaram com alguns aspectos até os dias de hoje", revelou o curador, acrescentando que os corpos nus das mulheres vão "além do erotismo" e são símbolos de fertilidade.
O Thyssen abriga as joias que decoraram o cadáver da Sra. Tz'aka'ab Ajaw, chamada de "rainha vermelha" por ter sido enterrada com cinábrio, que manchou seus restos mortais. Essa é uma descoberta recente, datada de 20 anos atrás. O Museu Arqueológico expôs as peças que se referem ao aspecto social dessas culturas e, finalmente, o Museu Cervantes exibe as "histórias tecidas", onde a atividade têxtil é a protagonista.
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