Confiante de que há espaço para negociar com os EUA e espera que Trump não remova Powell do cargo de presidente do Fed.
MADRID, 22 abr. (EUROPA PRESS) -
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, expressou sua confiança de que a zona do euro conseguirá evitar entrar em recessão este ano, apesar da desaceleração substancial do crescimento antecipada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em suas últimas previsões macroeconômicas, publicadas na terça-feira, como resultado da incerteza gerada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos e as contramedidas anunciadas por alguns países.
Em uma entrevista à CNBC à margem das reuniões de primavera que o FMI e o Banco Mundial estão realizando em Washington nesta semana, ela enfatizou que "há espaço para negociações" entre as partes.
"Eu ficaria surpresa se não houvesse", disse ela, acrescentando que esse será um processo no qual os formuladores de políticas argumentarão e apontarão seus imperativos, seus limites e suas vulnerabilidades, uma vez que há um enorme volume de comércio de bens e serviços entre a Europa e os Estados Unidos, portanto, "pode haver setores em que negociações sérias sejam necessárias".
"Será necessário um trabalho tedioso e sério para determinar o que é aceitável para as partes e onde as vulnerabilidades são abordadas. E não se trata apenas de um lado, mas de ambos", disse ele.
Dessa forma, Lagarde está confiante de que, durante os dias que faltam para que a trégua tarifária ordenada por Donald Trump e apoiada pela UE expire, haverá conversas e negociações a portas fechadas, o que significará um período de incerteza "de que ninguém gosta", no qual não há desejo de investir, não há desejo de contratar e não se tem ideia de onde se chegará em termos de desenvolvimento econômico.
"Ao final desse período, precisamos ter um sistema que seja pelo menos previsível e confiável, em que as coisas não mudem a cada duas semanas", disse ele.
No caso da zona do euro, o Presidente do BCE lembrou que a recuperação estava "criando raízes", acrescentando que se trata de uma grande área econômica com um comércio interno significativo para gerar grandes receitas, além de ser o principal parceiro comercial e de exportação de 72 países em todo o mundo.
"Isso não é pouca coisa e vamos ativar ao máximo esses vínculos comerciais. Assim, não veremos uma recessão", disse ele.
Por outro lado, com relação à pressão que seu colega à frente do Federal Reserve, Jerome Powell, está recebendo da Casa Branca, o presidente do BCE reconheceu que ambos os banqueiros centrais estão acostumados à pressão política, de uma forma ou de outra.
"Tenho imenso respeito por seu trabalho, por sua lealdade ao cargo e por ser o mais diligente e disciplinado possível no cumprimento de seu mandato", enfatizou ela, acrescentando, quando perguntada sobre a possível demissão de Powell, que "espero que isso não aconteça".
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